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PSD acusa PS de enganar o Governo e socialistas apontam “pressão no limite do inaceitável” de Marcelo

Na reta final da entrega do OE no Parlamento, intensifica-se a guerra verbal em torno do documento orçamental. PSD acusa PS de enganar Governo e os socialistas apontam baterias a Marcelo que acusam de pressão “no limite do aceitável”.
Pedro Nuno Santos
José Sena Goulão/Lusa
1 Outubro 2024, 07h30

A pouco menos de dez dias da entrega do Orçamento do Estado no Parlamento, Governo e Partido Socialista continuam numa guerra verbal que teve mais um capítulo esta segunda-feira, com Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, a acrescentar mais um fator de pressão ao maior partido da oposição.

Na sessão de abertura das jornadas parlamentares conjuntas do PSD/CDS-PP, na Assembleia da República, sob o tema “Um Orçamento do Estado para resolver os problemas das pessoas”, Hugo Soares acusou os socialistas de terem enganado o país durante um mês e meio.

“Desafio qualquer polígrafo da nossa praça a demonstrar como e onde durante um mês e meio o Partido Socialista disse que não haveria hipótese nem de negociação nem de modulação. O que aconteceu durante esse período, o PS enganou-nos a nós e ao país, criando a expectativa de que havia uma hipótese de negociar duas medidas deste programa de Governo”.

O líder parlamentar do PSD perguntou se “é assim tão difícil” um entendimento num Orçamento do Estado que baixa impostos, acusando o PS de ter enganado o Governo e o país quanto à possibilidade de negociar medidas.

“Que diabo, será assim tão difícil entendermo-nos quanto à baixa de impostos. Há alguém no país que não concorde com a redução de impostos?”, questionou.

Para Hugo Soares, “apenas por capricho, ou por taticismo eleitoral e partidário, ou por falta de capacidade de pôr o interesse nacional acima de qualquer pequeno interesse ou interesse partidário, é que é possível imaginar” que não haja entendimentos quanto à redução de impostos sobre os mais jovens e sobre as empresas.

Sobre estes dois pontos – que o PS tem apresentado como as duas medidas que não aceita que constem do próximo Orçamento para o viabilizar -, o líder parlamentar do PSD acusou ainda os socialistas de terem andando “a enganar o país” e o Governo, “criando a expectativa de que havia uma hipótese de negociar as duas medidas do programa do Governo”.

CDS-PP faz apelo a Pedro Nuno Santos

Momentos antes, o líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, salientou que “não há memória de um primeiro orçamento de um Governo com maioria relativa que não tenha sido viabilizado em Portugal” e avisou que o chumbo da proposta de OE 2025 “terá consequências muito graves para todos os autarcas do país”.

“E por isso, a bem do interesse nacional, eu gostava de fazer hoje aqui um apelo ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos. E o apelo é muito direto: ponha o interesse nacional à frente dos interesses partidários, é isso que o sentido de Estado exige”, apelou.

Pressão de Marcelo “no limite do aceitável”

Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de estar a exercer uma pressão “no limite do aceitável” no que diz respeito à viabilização do Orçamento do Estado para o próximo ano.

“Durante 28 dias andaram a dizer que as linhas vermelhas que já tinham sido traçadas não o eram. Convido que se ouça o discurso de Pedro Nuno Santos a 1 de setembro. Entre esta data e anteontem, muita gente disse que o líder do PS não disse aquilo que disse, tudo para fazer pressão sobre o PS”, destacou Alexandra Leitão no programa “O Princípio da Incerteza” na CNN Portugal.

A líder parlamentar dos socialistas salientou que “há duas medidas que são importantes para o Governo que uma vez aplicadas são irreversíveis, permanentes, injustas, erradas e ineficazes. O projeto político que o PS tem não se coaduna com duas medidas desta dimensão em termos de receita pública e de introdução de injustiças do ponto de vista fiscal”.

“Temos ouvido desde logo o Presidente da República numa pressão que está no limite do aceitável. Ouvimos o Presidente da República falar do interesse nacional mas considero que nenhum partido político é refém do interesse nacional. Não há pressão sobre os outros atores, só sobre o PS. Há uma pressão inaceitável de vários atores. A ideia de que um chumbo no Orçamento significa necessariamente eleições é uma ideia muito portuguesa mas é uma opção do Presidente da República e do primeiro-ministro”, realçou.

“Tempo da tática política acabou”

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, alertou este domingo que prefere perder eleições a abdicar das suas convicções e reiterou, a propósito da negociação do Orçamento do Estado (OE), que o “tempo da tática política acabou”.

“Prefiro, para ser claro e frontal com todos vós, perder eleições a defender as nossas convicções e aquilo que achamos que é o melhor para o país do que abdicar das nossas convicções para evitar eleições com medo de as perder”, afirmou.

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