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Putin e Erdogan acordam um novo cessar-fogo na Síria

O presidente russo e seu homólogo turco assinam um memorando em Moscovo, mais um, que estabelece uma trégua a partir da meia-noite desta quinta-feira. O alívio da crise dos refugiados é um dos fatores por trás da assinatura.
5 Março 2020, 21h07

Rússia e Turquia concordaram esta quinta-feira num cessar-fogo para reduzir a perigosa escalada na região síria de Idlib, onde as forças do presidente sírio Bachar al Assad, apoiado por Moscovo, e os turcos tentam o controlo sobre a área, bastião dos rebeldes e grupos salafitas.

O presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo turco Recep Tayip Erdogan reuniram em Moscovo para tentarem acabar com as hostilidades no noroeste da Síria, que ameaçava afetar diretamente aos dois países e que resultaram numa grave crise humanitária que a Europa já está a sentir – com milhares de refugiados tentando chegar ao solo europeu oriundos do território turco, enquanto cerca de um milhão de sírios tenta abandonar o país entrando na Turquia.

Putin e Erdogan assinaram um memorando que estabelece uma trégua a partir da meia-noite, um corredor humanitário de seis quilómetros de largura ao norte e seis quilómetros ao sul da auto-estrada M4, para que os deslocados possam mover-se em vez de estarem sob dois fogos. Os dois países também concordaram em formar patrulhas conjuntas nessa rota estratégica de comunicação, que liga as cidades de Alepo a Latakia, ambas nas mãos do regime de Assad e que estão bloqueadas há anos devido aos combates. Esses destacamentos comuns começarão a operar a partir de 15 de março a partir da região de Trumb e de Ain al-Jabr.

O cessar-fogo acordado parece, no entanto, bastante frágil. Erkogan enfatizou que Ancara se reserva o direito de retaliar em caso de ataque das forças de Bachar al Asad. “A Turquia tem o direito de responder sozinha a todos os tipos de ataques. Estamos preparados para tomar todas as ações necessárias, mas não queremos piorar a crise humanitária”, disse o líder turco no Kremlin, citado pelas agências internacionais.~

Mas Erdogan prometeu manter contacto privilegiado com Putin, a quem chamou “nosso querido amigo”. “Não permitiremos que as forças do regime sírio prejudiquem as nossas relações com a Rússia”, afirmou. O último cessar-fogo foi assinado em 8 de janeiro e não foi respeitado.

“Esperamos que estes acordos sirvam como uma boa base para acabar com as hostilidades na área degradada de Idlib, impedir o sofrimento da população civil e a extensão da crise humanitária”, afirmou por seu turno Putin em conferência de imprensa conjunta depois de quase seis horas de conversa à porta fechada.

Nem a Rússia nem a Turquia querem uma guerra aberta, mas as relações entre os dois países azedaram no último mês. Desde que Putin e Erdogan inauguraram um gasoduto no início do ano, as tensões diplomáticas dispararam devido ao conflito na Síria. Ambas as partes são acusadas de violar os acordos assinados em 2018 em Sochi, que previam um cessar-fogo e estabeleciam pontos de observação das linhas da frente.

 

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