O presidente russo vai taxar os lucros extraordinários às maiores empresas russas. O objetivo é cobrar 10% destes lucros uma única vez sobre empresas que tenham atingido mais de mil milhões de rublos (110 milhões de euros) de resultado líquido desde 2021. A taxa pode gerar uma receita de 300 mil milhões de rublos (3,2 mil milhões de euros).
O dinheiro será bem-vindo nos cofres públicos do Kremlin para financiar a invasão da Ucrânia, numa altura de isolamento internacional do regime de Vladimir Putin.
“Vou dizer-lhe um grande segredo: foram as empresas, e não o Estado, que vieram com a ideia de criar este imposto. Perceberam que tinham tido grandes lucros extraordinários em 2021 e 2022. Muito grandes. Mais do que o orçamento”, segundo o primeiro-ministro-adjunto Andrei Belousov, citado pela “Interfax” e pela “Insider”.
“Tenho muito respeito pelos empreendedores. Muitos são verdadeiros patriotas, independentemente do que as pessoas digam. Identificam-se muito com o país”, acrescentou.
Apesar de ainda não terem sido revelados quais os sectores que vão ser atingidos, as empresas de fertilizantes e de metais são dois dos candidatos prováveis, segundo o “Financial Times”.
As empresas a pagar esta taxa também deverão ficar no anonimato, com receios de serem atingidas por sanções internacionais. Apesar das sanções terem atingido duramente a economia, a Rússia continua a ser um grande exportador de petróleo e de gás, mas também de produtos agrícolas e industriais.
Em 2022, o Kremlin impôs uma taxa sobre a gasista Gazprom depois de os preços do gás natural terem atingido níveis recorde e de os lucros da empresa terem disparado no primeiro semestre, mas acabaram por recuar 40% no segundo semestre devido ao imposto.
Com as sanções internacionais, o que obriga Moscovo a vender petróleo e gás com desconto, a grande aposta passa na escala: vender mais volume para tentar obter mais receita. A Rússia tem ignorado olimpicamente os cortes na produção de petróleo defendidos por alguns dos seus parceiros do cartel da OPEP, como a Arábia Saudita, precisamente para tentar encaixar mais receita.
No entanto, as contas estão difíceis: Moscovo registou um défice de 2,4 biliões de rublos no primeiro trimestre, depois do excedente atingido em período homólogo. Já as receitas de energia afundaram 45% para 1,64 biliões de rublos.
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