Quais as recomendações das autoridades se um incêndio estiver perto de casa. Como devo agir?

Todos os anos, o cenário repete-se em Portugal: com as altas temperaturas de verão deflagram incêndios um pouco por todo o país. As altas temperaturas, a vegetação seca e o vento contribuem para que o fogo se propague rapidamente e, muitas vezes, atinja zonas habitacionais. Quando isso acontece, é fundamental que os cidadãos saibam como agir de forma segura e eficaz. Para isso é essencial seguir as orientações das autoridades, nomeadamente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Se o fogo estiver perto de sua casa, saiba o que fazer.

Antes do incêndio chegar

O primeiro passo é manter-se constantemente informado através de fontes oficiais, como os canais da Proteção Civil, os serviços meteorológicos (IPMA), os meios de comunicação social ou aplicações móveis específicas, como o Fogos.pt. Evitar a disseminação ou o seguimento de boatos é crucial, pois a desinformação pode levar a decisões perigosas.

A preparação da habitação é uma das medidas mais importantes. Deve-se fechar bem todas as portas, janelas, persianas e cortinas, de forma a dificultar a entrada de fumo. No exterior, todos os objetos inflamáveis, como garrafas de gás, lenha, móveis de jardim ou plásticos, devem ser removidos. Se possível, é útil ligar o sistema de rega, criando uma zona húmida ao redor da casa. A eletricidade e o gás devem ser desligados para evitar riscos adicionais.

É também recomendável preparar um kit de emergência. Este deve incluir documentos pessoais, telemóvel carregado com Power Bank, lanterna ou rádio com pilhas, água potável, alimentos não perecíveis, medicação essencial, cópias de receitas médicas e panos ou máscaras para proteção contra o fumo. Este kit deve estar pronto a ser levado a qualquer momento.

O automóvel deve estar preparado para uma eventual evacuação. Idealmente, deverá estar estacionado com a frente virada para a saída, com o depósito cheio e sem bloquear estradas de acesso. O local onde está estacionado não deve dificultar a passagem de veículos de emergência.

Quando o incêndio está próximo

Se as autoridades derem ordem de evacuação, essa instrução deve ser seguida sem hesitação. Deve sair imediatamente, usando os caminhos recomendados e evitando rotas desconhecidas ou áreas florestais. O kit de emergência, os documentos e os animais de companhia devem ser transportados consigo. No caso de haver vizinhos com mobilidade reduzida ou idosos, deve ser prestado apoio ou, no mínimo, alertados os serviços de emergência.

Se já não for possível sair em segurança, o mais sensato é permanecer dentro de casa. Esta pode oferecer maior proteção do que o exterior, desde que bem preparada. Vista roupa de algodão ou lã que cubra o corpo todo e afaste-se de janelas e portas. O ar é mais respirável junto ao chão, pelo que se recomenda manter-se deitado com um pano húmido sobre o nariz e a boca. É útil encher a banheira e baldes com água, que poderá ser necessária em caso de emergência.

Se estiver fora de casa, é fundamental resistir à tentação de regressar à habitação durante o incêndio. Mesmo que pareça seguro, o comportamento do fogo pode ser imprevisível e o risco é demasiado elevado. Apenas quando as autoridades confirmarem que a situação está controlada se deve ponderar o regresso.

Depois do incêndio

Concluído o combate ao incêndio, é importante verificar se existem ainda focos ativos ou brasas junto à habitação. Estes podem reacender-se e originar novos focos de incêndio. A eletricidade e o gás só devem ser religados após avaliação técnica. A água da rede pública não deve ser consumida até haver confirmação de que está potável.

Durante as horas e dias seguintes, é necessário manter-se vigilante. Qualquer sinal de reacendimento deve ser comunicado às autoridades. Além disso, é importante estar atento a necessidades especiais na vizinhança, especialmente entre pessoas mais vulneráveis.

A aproximação de um incêndio a uma zona habitacional exige preparação, sangue-frio e respeito pelas instruções das autoridades. Ao adotar medidas preventivas e agir de forma ponderada e informada, é possível reduzir significativamente os riscos associados.