A população da China deve atingir o pico em 2025, seguindo-se uma queda demográfica que vai ter impacto significativo no consumo doméstico, alertou hoje um consultor do banco central do país.
“Quando a população entrar em crescimento negativo, vai ocorrer uma escassez da procura”, apontou Cai Fang, membro do comité de política monetária do Banco do Povo da China, o banco central do país, num relatório citado pela imprensa local.
“Devemos prestar atenção ao impacto da demografia no consumo”, acrescentou.
Cai Fang, que integrou o órgão consultivo do banco central após se ter aposentado da Academia de Ciências Sociais da China, disse que o número de chineses em idade ativa tem caído consecutivamente, desde 2010, o que afetou sobretudo o lado da oferta da economia.
Os comentários foram feitos depois de o banco central ter publicado recentemente um artigo, no qual destacou os problemas iminentes causados pela queda da taxa de natalidade na China.
O documento apelou a maior liberalização da política de apenas dois filhos e um aumento nas medidas de apoio às mulheres.
Segundo dados oficiais, o número de recém-nascidos na China caiu 15%, em 2020, quando comparado com o ano anterior, acentuando uma tendência que não se inverteu apesar de o país ter abolido a política de filho único, em 2016.
A China praticou um rígido controlo de natalidade entre 1980 e 2016, em nome da preservação de recursos escassos para a sua economia em expansão.
A queda na taxa de natalidade é vista agora, no entanto, como grande ameaça ao progresso económico e à estabilidade social no país asiático.
A proporção de idosos entre a população total subiu de 7% para quase 13%, entre 2000 e 2019, e deve chegar a 14% em 2022.
Pequim estima a taxa de fertilidade do país em apenas 1,5 filho por mulher, uma das mais baixas do mundo.
O mesmo responsável afirmou que, se as pessoas em idade ativa enfrentam o fardo financeiro adicional de cuidar dos parentes idosos, enquanto tentam criar uma família, tornam-se mais propensas a poupar do que a consumir.
A crise demográfica surge numa altura em que o Governo chinês enceta uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do setor dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas.
“Os custos associados com a gravidez, criação e educação dos filhos são os maiores constrangimentos para os casais jovens”, observou Cai.
“Para os idosos, precisamos aumentar a sua participação no trabalho, os benefícios da segurança social, para que possam contribuir e participar no crescimento económico, ao mesmo tempo que mantêm o consumo”, apontou.
O Governo também deve fazer mais para estimular o consumo entre os grupos de baixo rendimento, que têm maior propensão para gastar do que os mais abastados, disse.
Na apresentação do plano quinquenal, em março, Pequim afirmou o seu compromisso com a redução da desigualdade de rendimento, mas não introduziu ainda nenhuma alteração significativa nas suas políticas fiscais ou de despesa pública.
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