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Rapidez com que imigrantes criam negócios em Portugal “é um risco muito grande”, defende associação

O risco elevado visto pela empresária brasileira e fundadora da associação assenta no facto de muitos imigrantes venderem todo o seu património no país de origem. “Se não correr bem, ficam sem nada”.
23 Setembro 2024, 07h41

Os imigrantes em Portugal estão a criar “cada vez mais rápido” o seu negócio próprio, alguns “três ou quatro meses depois” de residirem no país, o que a presidente da associação Empreendedores Vencedores considera “um risco muito grande”.

“Tem sido cada vez mais rápida a inserção [de imigrantes] no mercado empreendedor. As pessoas ou estão com mais necessidade ou com mais coragem”, afirmou Andréa Santos, que lidera a associação de apoio a pequenos e médios investidores imigrantes, que já conta com 700 elementos.

Em 2017, quando a empresária brasileira, também fundadora da Empreendedores Vencedores, chegou a Lisboa, já atenta ao mundo dos negócios, “as pessoas começavam a lançar-se no mercado português depois de dois ou três anos em Portugal”, referiu.

Agora, assegura que vê pessoas “se lançando no mercado empreendedor, estando aqui [em Portugal] há três ou quatro meses”. “É muito, muito rápido, assim”, considerou.

O que na, sua opinião, representa “um risco muito grande”, porque muitas vezes o imigrante vende todo o património que tem no seu país para investir em Portugal. E, se o negócio não correr bem, fica sem nada e sem trabalho em Portugal, alerta.

Por isso, tem insistido muito, diz, “na revisão da análise de investimentos” com as pessoas que procuram o apoio da associação.

E fala-se “muito sobre isso” no grupo dos Empreendedores Vencedores, aconselhando os imigrantes a manter um fundo de maneio, ou seja, a não investirem tudo o que têm, a começarem aos poucos, a fazerem testes de mercado primeiro para depois desenvolverem o negócio, adiantou.

Andréa Santos diz que dois fatores estão a contribuir também para esta aceleração do imigrante para criar negócios.

“Aumentámos muito a comunidade brasileira aqui”, e os brasileiros, que estão em larga maioria também entre os empreendedores da associação, “têm menos medo de arriscar”, salientou. Além disso, “aumentou exponencialmente o número de grupos que ajudam as pessoas a saberem mais como empreenderem em Portugal”, acrescentou.

Em 2017, lembrou, “só havia praticamente o Alto Comissariado para a Imigração para ajudar os empreendedores imigrantes, com um curso de como montar um plano de negócios em Portugal”.

Mas, de 2020 para cá, os grupos começaram a surgir “de forma muito numerosa”, todos com o mesmo fim, e há empreendedores que fazem parte de vários deles.

Ainda assim, “há casos de insucesso e muitos casos de insucesso repetidos”, realçou.

“As pessoas às vezes não aprendem com o seu próprio erro” e vão para o mercado de trabalho formal, deixando o seu plano de empreendedorismo na gaveta, explicou.

Um aspeto “interessante” é que essas pessoas não se desvinculam dos grupos de apoio ao empreendedorismo imigrante, e “passam a aprender, como se sentissem que algo não deu certo, porque faltou alguma coisa”, frisou.

Na associação a que preside, a batalha do futuro, perante este cenário, é fazer com que os empreendedores “adiram mais e mais às quartas empreendedoras”, e “educar vencedores”.

Para além de um pacote de aulas, pagas, e já dadas, que serve para os pequenos e médios empresários se estruturem, é também disponibilizado o contacto do orador, um especialista no assunto sobre o qual falou nas palestras, para que os empreendedores poderem esclarecer dúvidas numa hora de consultoria gratuita.

“Então, o nosso objetivo é, não só construir pontes comerciais, mas também pontes entre palestrantes, profissionais e empreendedores”, concluiu.

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