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Regresso de Musk à política assusta investidores da Tesla

Tesla afunda 8% em Wall Street depois de Elon Musk anunciar criação de partido político.
FILE PHOTO: FILE PHOTO: Elon Musk, CEO of SpaceX and Tesla and owner of X, formerly known as Twitter, attends the Viva Technology conference dedicated to innovation and startups at the Porte de Versailles exhibition centre in Paris, France, June 16, 2023. REUTERS/Gonzalo Fuentes/File Photo/File Photo
7 Julho 2025, 19h10

A Tesla já esteve a perder mais de 8% em Wall com os investidores assustados com o regresso de Elon Musk à vida política.

A cotada segue agora a desvalorizar 7,5% para quase 292 dólares por ação. Os investidores não estão felizes com a breve pausa de Elon Musk da política.

O CEO da Tesla anunciou no fim de semana a criação do “América Party” que vai focar-se em ser eleito para o Congresso nos próximos tempos. Depois, poderá seguir-se a corrida presidencial, admitiu o empresário.

“Os investidores estão fartos das distrações”, disse o analista Jed Dorsheimer. “Os negócios precisam de mais atenção de Musk” e os investidores consideram negativo o seu “regresso à política”, acrescentou o analista da William Blair, citado pela “Bloomberg”.

Entretanto, Donald Trump já reagiu à criação de um novo partido. “Um terceiro partido nunca funcionou, ele pode divertir-se com isso, mas penso que é ridículo”, afirmou no fim de semana, apontando que “sempre foi um sistema com dois partidos”.

Na última chamada com analistas, Elon Musk chegou a prometer mais foco na empresa após ter terminado o seu trabalho no governamental DOGE no final de maio, mas a promessa está prestes a ser quebrada.

“Vou gastar muito menos no futuro, em termos de gastos políticos. Já foi o suficiente”, disse Elon Musk em maio, prevendo que iria estar à frente da Tesla durante mais 5 anos.

Os short-sellers, investidores que apostam na queda da cotada, deverão lucrar 1,4 mil milhões de dólares com as suas posições: com a cotada.

“A administração vai ter de ser envolvida. Há uma linha que ele já começou a pisar”, disse o analista Dan Ives da Wedbush Securities.

Desde 5 de junho que os short sellers já encaixaram 4 mil milhões de dólares em lucros. Foi neste dia que a Tesla registou a sua maior queda diária de sempre em bolsa, após a discussão pública entre Elon Musk e Donald Trump devido ao projeto-lei “grande e lindo” do presidente dos EUA, que vai impactar os cheques para a compra de carros elétricos.

“Temos um CEO que está a colocar as suas ambições políticas pessoais à frente das suas obrigações e isso em detrimento dos acionistas”, disse James Fishback, CEO da Azoria, acionista da empresa.

Vendas globais da Tesla afundam e analistas já preveem segunda quebra anual consecutiva

As vendas globais da Tesla afundaram 13% no segundo trimestre face a período homólogo para mais de 384 mil unidades, anunciou a empresa a 2 de julho. A companhia conta agora com um défice de 110 mil unidades para conseguir regressar ao crescimento este ano.

As vendas conseguiram superar as estimativas mais pessimistas dos analistas, que apontam para um tombo acima de 20%. Entre as causas para esta queda encontra-se a feroz concorrência dos rivais, mas também a rejeição por parte dos consumidores à entrada de Elon Musk no mundo da política com apoios à extrema-direita na Alemanha e uma amizade com Donald Trump, e também ao envelhecimento dos modelos da marca, face a inúmeras novidades no mercado.

A companhia esperava já estar a beneficiar da venda da nova versão do Model Y, mas a feroz concorrência da BYD e Xiami na China e da General Motors nos EUA minimizou o impacto da chegada do novo modelo.

E há mais nuvens de tempestade no horizonte, pois o Congresso dos EUA prepara-se para aprovar cortes nos cheques para a compra de carros elétricos, o que pode vir a agravar a queda nas vendas.

A companhia sinalizou em abril que previa lançar novos modelos a preços mais competitivos ainda na primeira metade do ano, o que não aconteceu.

Os analistas preveem agora que a empresa sofra a segunda quebra consecutiva nas vendas: um inquérito da “Bloomberg” junto de analistas concluiu que a companhia deverá entregar este ano 1,65 milhões de veículos, menos 8% face a 2024.

“Os números das vendas continuam fortes e não vemos problemas com a procura”, disse Elon Musk a 20 de maio no Qatar, uma frase que envelheceu mal.

Elon Musk voltou a assumir as rédeas da empresa após a muito polémica passagem pelo Governo de Donald Trump, que terminou com os dois a cortarem relações, e com o presidente a ameaçar deportar o empresário para a África do Sul, o seu país de origem.

Entretanto, o responsável de vendas na Europa e América do Norte, Omead Afshar, deixou a empresa.

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