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REN avisa que ligar as eólicas offshore à rede elétrica vai custar “muito dinheiro”

A companhia disse que ainda está a avaliar os custos de ligar os 10 gigawatts marítimos a terra, mas avisa já que o investimento deverá ser avultado.
António Pedro Santos/Lusa
24 Maio 2023, 17h09

A REN – Redes Energéticas Nacionais avisou hoje que ligar 10 gigawatts de energia eólica offshore (marítima) à rede elétrica em terra vai ter um custo elevado.

“Não vamos falar de valores, ainda estamos a avaliar, depende da solução. Mas posso garantir que vai custar muito dinheiro”, disse hoje o administrador da REN, João Conceição, apontando que ainda terá de ser definido como as ligações vão ser pagas e durante quanto tempo.

O aviso chega antes de ser apresentado qualquer estimativa de valor sobre as ligações, para que, quando for apresentado o plano de investimento da REN, “não termos a reação de toda a nação: ‘isto vai ser muito caro, não conseguimos financiar isto'”.

“O operador de rede está aqui para otimizar a solução. Se há formas mais baratas, então o operador não deve fazer parte da equação com o seu valor acrescentado”, afirmou, durante a conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) que teve lugar em Lisboa.

“É importante não crucificar o operador de rede, porque não representa os custos nem os desafios pela frente” desta empreitada, acrescentou o responsával pelas operações da REN.

A REN deverá ficar responsável por fazer a ligação dos projetos offshore à sua rede elétrica, tal como já acontece aos projetos renováveis em terra, como empresa que desenvolve e gere a rede elétrica nacional. Também já conta com experiência no eólico offshore, tendo feito a ligação entre a central Windfloat da Ocean Winds em Viana do Castelo.

Uma das questões sobre a mesa neste momento é quem vai pagar a fatura das ligações: via fatura mensal da eletricidade (como já acontece para os restantes investimentos na rede elétrica, sujeitos ao escrutínio do regulador ERSE, do Parlamento e da secretaria de Estado da Energia)? Ou a ligação vai ser paga pelos promotores que vencerem o leilão offshore (restando saber se a ligação poderá inflacionar os preços dos contratos por diferenças CfD, que poderão vir a ser usados no leilão)? As respostas serão conhecidas ao longo dos próximos meses à medida que o grupo de trabalho divulga as suas conclusões a 31 de maio e o Governo começa a fechar o quadro-regulamentar do leilão.

O leilão offshore que está a ser preparado por várias entidades públicas e pelo Governo vai ter lugar no último trimestre deste ano com quatro lotes distribuídos pelo norte, centro e sul num total de dois gigawatts (500 megawatts por lote).

As primeiras áreas a avançar vão ser Viana do Castelo, Figueira da Foz (dois lotes) e Sines (ainda a confirmar).

A revelação foi feita hoje pelo diretor-geral da Direção-Geral de Recursos Marítimos (DGRM) durante uma apresentação na conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

Segundo a apresentação, as áreas previstas ocupam uma área total de 3.400 km2, 6% do mar territorial do continente, 0,71% da Zona Económica Exclusiva (ZEE)

Estes 10 gigawatts de eólica offshore vão necessitar de 30 a 40 mil milhões de euros de investimento, sendo a maior fatia do valor total de 60 mil milhões de euros previstos em investimentos no sector energético até 2030.

Das oito áreas previstas atualmente pelo Governo, duas destinam-se a instalar tecnologia fixa: as bases dos aerogeradores são fixados ao fim do mar, em zonas onde a profundidade máxima atinge os 50 metros: Matosinhos (181 km2 para instalar 995 megawatts) e a área de jurisdição portuária do porto de Sines (10 km2 para instalar 53 megawatts). Estas duas áreas contam com um total de 191 km2 para instalar mais de mil megawatts.

Seguem-se as seis áreas para instalar centrais flutuantes em locais onde as profundidades variam entre os 75 metros e os 200 metros) que vão de Viana do Castelo até Sines num total de 3.200 km2, numa potência de 10 gigawatts. A saber: Viana do Castelo (663 km2 para dois gigawatts), Leixões (463 km2 para 1,5 gigas), Figueira da Foz (1.238 para 4 gigas), Ericeira (256 km2) e Sintra/Cascais (84 km2) para 1 gigawatt, e Sines (499 km2 para 1,5 gigas).

E qual a distância mínima que estas áreas ficam de terra? Viana do Castelo (18,9 kms), Leixões (37,5 kms), Figueira da Foz (35 kms), Ericeira (10,5 kms), Sintra/Cascais (10,6 kms), Sines área norte (16,5), Sines área sul (15,5 kms), Matosinhos (3,5 kms), Sines (área de jurisdição portuária (1,8 kms).

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