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Fed reage novamente ao coronavírus e corta taxa de juro em 100 pontos base, para intervalo entre 0% e 0,25%

Trata-se do segundo corte na ‘federal funds rate’ anunciado pelo banco central liderado por Jerome Powell este mês. “Os efeitos do coronavírus irão pesar na atividade económica a curto prazo e apresenta riscos ao outlook económico”, explicou a Fed. Há também mais compra de títulos, medidas para a banca e coordenação com outros bancos centrais. 
15 Março 2020, 21h09

A Reserva Federal (Fed) cortou a taxa de juro diretora em 100 pontos para um intervalo entre 0% e 0,25%, anunciou este domingo o banco central dos Estados Unidos. É o segundo corte da federal funds rate em menos de um mês, após uma redução de 50 pontos base para 1%-1,25% anunciada no dia 3, como resposta ao risco económico apresentado pela propagação global do surto do coronavírus.

“Os efeitos do coronavírus irão pesar na atividade económica a curto prazo e apresenta riscos ao outlook económico”, explicou a Fed, em comunicado emitido após uma reunião do Federal Open Market Committee (FOMC). O presidente da Fed explicou, mais tarde em conferência de imprensa, que a reunião de domingo substitiu a que estava agenda para terça-feira e quarta-feira.

“À luz destes desenvolvimentos, o FOMC decidiu baixar o intervalo para a meta da federal funds rate para entre 0% e 0,25%”, adiantou. “O Comité´espera manter este intervalo alvo até estar confiante que a economia já aguentou os eventos recente e que está a caminho de atingir os objetivos de emprego pleno e estabilidade de preços”.

A decisão teve o voto favorável de nove membros do comité. Loretta J. Mester votou contra a decisão, mas explicou que está a favor de todas as ações tomadas para promover o funcionamento suave dos mercados e o fluxo de crédito para as famílias e empresas, mas preferia reduzir o intervalo alvo da taxa de juro para 0,5% a 0,75%.

Segundo a instituição liderada por Jerome Powell, a decisão irá ajudar a apoiar a atividade económica, condições sólidas no mercado de trabalho e o regresso da inflação ao objetivo simétrico de 2%.

O Comité disse que vai  continuar a monitorizar as implicações das informações recebidas para as perspectivas econmicas, incluindo informações relacionadas à saúde pública, bem como os desenvolvimentos globais e as discretas pressões inflacionárias, e usará suas ferramentas e atuará conforme apropriado para apoiar a economia.

Todas as ferramentas

A Fed adiantou que está preparada para usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar o fluxo de crédito para famílias e empresas e, assim, promover suas metas máximas de emprego e estabilidade de preços.

Para apoiar o bom funcionamento dos mercados de títulos do Tesouro e de dívida hipotecária que são centrais no fluxo de crédito para famílias e empresas, nos próximos meses, o Comité vai aumentar a compra de de títulos do Tesouro em pelo menos 500 mil milhões de dólares e de dívide hipotecária em pelo menos 200 mil milhões.

O Comité também vai reinvestirá todos os pagamentos principais das reservas da Fedem títulos e valores mobiliários lastreados em hipotecas de agências em títulos lastreados em hipotecas de agências. Além disso, o Open Market Desk recentemente expandiu suas operações de acordos de recompra overnight e de prazo. O Comitê continuará monitorando de perto as condições do mercado e está preparado para ajustar seus planos conforme apropriado.

Num conjunto de ações relacionadas para apoiar as necessidades de crédito de famílias e empresas, a Fed Federal Reserve anunciou medidas relacionadas à janela de desconto, crédito intradiário, buffers de capital e liquidez bancária, exigências de reservas e – em coordenação com outros bancos centrais – os acordos sobre acordos de linhas de swap de liquidez do dólar americano.

Trump feliz, mas futuros caem

A propogação do Covid-19 a nível mundial, com o aumento do número de casos e mortes, levaram vários países a tomar medidas de contenção, com muitos países na Europa a recomendaram às populações para ficarem em casa e o os Estados Unidos a suspenderem a chegada de vôos do continente europeu. O impacto económico, atual e futuro, das medidas levou a quedas fortes nos mercados. Em Wall Street, os principais índices caíram entre 0s 8,17% e os 10,36% na semana passada, enquanto na Europa os tombos em várias praças foram na ordem dos 15% a 20%.

Este domingo, o presidente americano Donald Trump, que tem pressionado a Fed a cortar a taxa de juros, mostrou-se agradado com a ação do banco central.

“Isso faz me muito feliz”, disse, numa conferência de imprensa em Washington. “Quero congratular a Reserva Federal… Fizeram isso num passo… Creio que as pessoas nos mercados vão ficar muito entusiasmadas”.

A reação inicial do mercado não foi, no entanto, uma de entusiasmo. Os futuros dos três principais índices bolsistas em Wall Street caíram mais de 4,50% logo a seguir ao anúncio da Fed, enquanto o dólar norte-americano depreciou-se face a todas as principais moedas.

[Atualizada às 23h42]

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