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Respostas Rápidas. Abusos sexuais na Igreja Católica: o que revela o relatório final da comissão?

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou novos dados sobre esta realidade esta segunda-feira. Informações tornadas públicas permitem um conhecimento mais amplo sobre esta realidade.
Tiago Petinga/Lusa
13 Fevereiro 2023, 12h28

Quantos casos de abuso foram validados?

A Comissão de acompanhamento validou 512 casos, num universo de 4.815 vítimas que foram abusadas entre 1950 e 2022. No entanto, foram enviados para o Ministério Público apenas 25 casos, sendo que os restantes prescreveram.

No que diz respeito à prescrição de casos, Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça e membro da Comissão Independente, sugeriu uma alteração à lei dos crimes de abuso sexual. Para o antigo governante, os crimes só devem prescrever depois das vítimas fazerem 30 anos, sendo que agora prescrevem depois das vítimas fazerem 23 anos.

Que intervenção junto dos abusadores?

O coordenador Pedro Strecht apontou esta segunda-feira em conferência de imprensa que 77% dos abusos foram praticados por padres.

Já o psiquiatra Daniel Sampaio sugeriu que o tratamento destes abusadores deveria ser efetuado “através de psicofármacos” e também através de “uma psicoterapia intensiva”.

“Para estas pessoas não basta um acompanhamento espiritual. É fundamental no seio da Igreja, mas estas pessoas têm de ser tratadas do ponto de vista psicológico”, disse Daniel Sampaio.

De notar que ao longo de diversas décadas, a Igreja Católica apenas mudou os padres abusadores de paróquia e deu-lhes acompanhamento espiritual.

Por agora, a Comissão independente está a preparar uma “lista dos abusadores no ativo”, que deverá estar concluída até ao final do mês, e que posteriormente será entregue à Igreja Católica e ao Ministério Público.

Qual o perfil das vítimas?

Segundo Daniel Sampaio “o abuso sexual ocorre em regra em menores de 13 anos e é efetuado por adultos próximos da criança”. Na Igreja propriamente dita, os abusadores utilizam a crença das crianças para estabelecer a tal proximidade.

“Portanto, a relação espiritual que aparece na instituição religiosa entre o abusador e a criança, torna a criança mais vulnerável. Uma frase que ouvimos muitas vezes entre as vítimas é a de: o senhor padre é a voz de deus”, descreveu Daniel Sampaio.

A Comissão também adiantou que a maioria das vítimas (52, 7%) são do sexo masculino. Do total das vítimas 53% ainda são católicos e 32,4% são licenciados. Além disso, Pedro Strecht apontou que 48% das vítimas falaram dos abusos pela primeira vez com a Comissão.

Onde e quando ocorreu a maior parte dos abusos?

A Comissão concluiu que grande parte (60%) dos abusos decorreu nas décadas de 60, 70 e 80 e embora os abusos estejam espalhados um pouco por todo o país foi em Lisboa, Porto e Coimbra que se registaram mais casos.

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