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Respostas rápidas. O que levou ao pedido de demissão de Paddy Cosgrave?

O irlandês responsável pela maior cimeira tecnológica do mundo, realizada em Lisboa, pediu desculpa pelos efeitos gerados pelo seu tweet a condenar crimes de guerra, mas reforçou o apelo para que a lei internacional seja cumprida.
23 Outubro 2023, 13h08

A polémica em torno dos comentários do diretor executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, levou ao seu pedido de demissão durante o fim-de-semana, isto depois de uma onda de boicotes por empresas tecnológicas, algumas de renome global, à cimeira. O irlandês pediu desculpa pelos efeitos gerados pelo seu tweet a condenar crimes de guerra, mas reforçou o apelo para que a lei internacional seja cumprida.

O que disse Paddy Cosgrave para gerar tanta polémica?

“Crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devemos chamá-los pelo que são”. Foi esta a frase num tweet de 13 de outubro na conta do diretor executivo da Web Summit que tanta polémica gerou. Sem mencionar o nome de Israel, Paddy Cosgrave chamou à atenção para a necessidade de cumprir a lei internacional em todos os cenários, algo que indignou responsáveis israelitas e simpatizantes do governo sionista.

Antes, o CEO havia partilhado posts de condenação ao ataque do Hamas de 7 de outubro, reconhecendo o direito de Israel de se defender da brutalidade levada a cabo pelo grupo naquele dia. No entanto, os pedidos para cumprimento da lei internacional vinham já de trás, tendo o tweet em questão sido a gota de água.

Quem boicotou a Web Summit?

Em reação às palavras de Paddy Cosgrave, várias figuras acusaram o empresário de antissemitismo e apoio ao terrorismo. O próprio Cosgrave partilhou um tweet de Amit Karp, fundador da BVP, a acusar o irlandês de apoiar “homicídios brutais, violações e a decapitação de bebés”, ao mesmo tempo que gigantes como a Meta, Google, Amazon, Siemens e Intel anunciaram que não participariam no evento.

A decisão de boicotar o evento foi anunciada pelo embaixador israelita em Portugal, Dor Shapira. O diplomata classificou o pedido de Cosgrave como “ultrajante” e as suas posições políticas como “extremistas”.

Numa resposta inicial, Cosgrave desvalorizou os boicotes. Nas 24 horas a seguir ao tweet, o CEO do evento salientou que, apesar de “nove investidores cancelarem, 35 novos surgiram; dois grupos de media cancelaram, mas 50 pediram passes”. No entanto, a pressão acabaria por ser demasiada, levando ao seu pedido de demissão no sábado.

“Peço as minhas sinceras desculpas por qualquer transtorno que possa ter causado”, afirmou Cosgrave na sua carta de demissão. “Como tantas figuras globais, acredito que, ao defender-se, Israel deve aderir à convenções internacionais de guerra, ou seja, não cometer crimes de guerra”, reforçou.

Qual o futuro da cimeira de tecnologia?

Apesar da demissão, Cosgrave garante que a Web Summit deste ano se realizará sem problemas e de acordo como o plano previsto. O evento não contará com as marcas que decidiram juntar-se a Israel e avançar com um boicote, mas, garante a organização, irá decorrer de acordo com o planeado, esperando-se mais de 70 mil visitantes na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Quanto ao futuro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não se pronuncia. Carlos Moedas não comentou a demissão do diretor executivo, projetando apenas nova cimeira repleta de sucesso, dado que é “um evento importantíssimo” para a capital.

Para lá de 2023, no entanto, não houve comentários. O presidente da Câmara procurou salientar que “este não é um evento de geopolítica”, pedindo “união” em torno da cimeira e do propósito que a move, a inovação tecnológica.

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