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Roque da Cunha: “Médicos cubanos? Contratação é chantagem aos profissionais de saúde”

“Com esta atitude, o Governo dá mais um sinal de desistir de fixar os médicos portugueses e de fazer com que o SNS seja robustecido”, considerou Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, em entrevista ao JE.
10 Julho 2023, 13h00

O Governo anunciou a contratação de 300 médicos cubanos e o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sublinhou, em entrevista ao JE, que esta contratação é “uma chantagem aos médicos portugueses”.

Quando questionado sobre o motivo que leva o Governo a escolher médicos cubanos, Jorge Roque da Cunha respondeu que esta contratação acontece no sentido de “tentar fazer chantagem com os médicos portugueses e por outro lado nivelar por baixo a qualidade dos serviços de saúde prestados aos portugueses”.

“Com esta atitude, o Governo dá mais um sinal de desistir de fixar os médicos portugueses e de fazer com que o Serviço Nacional de Saúde seja robustecido pela perda de médicos que vão para a reforma, por rescisão e dadas as condições que são oferecidas , uma perda de poder de compra de cerca de 20% nos nossos salários”, frisou o secretário geral do Sindicato Independente dos Médicos.

Na perspectiva do SIM, o Governo “em vez de apostar no SNS tem uma atitude facilitista”. Assim, o sindicato lamenta “profundamente que o Governo pretenda financiar um governo ditatorial já que os contratos são feitos com o Governo de Cuba, que recebe uma percentagem bastante volumosa deste valor”.

Jorge Roque da Cunha recordou que no passado já houve a contratação de médicos cubanos e foi uma experiência que “correu muito mal”. Em 2009, no Governo socialista liderado por José Sócrates, quando Manuel Pizarro era secretário de Estado da Saúde da ministra Ana Jorge, o Governo de então decidiu avançar com a contratação de médicos cubanos. Nessa altura, foram 44 os médicos cubanos que vieram exercer para Portugal em centros de saúde do Alentejo, Algarve e Ribatejo.

Este líder sindical lembra que a experiência não foi positiva porque o governo cubano recebia pelo menos 50% do dinheiro do Estado português e apenas uma pequena percentagem ia para os médicos. Para o SIM, o Governo precisa fazer “o que não fez nos últimos 12 anos, que é criar condições para que os nosso médicos trabalhem no SNS, não só nos salários, mas também na flexibilização de horários”.

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