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Rui Rio diz que a ‘geringonça’ “está sentada numa cadeira de rodas” (com áudio)

Líder social-democrata acusou António Costa de ter “acantonado o PS à esquerda” e de estar agora a fazer “pesca à linha mudando o isco no anzol conforme o peixe”. Primeiro-ministro garantiu que não se irá demitir mesmo que o Orçamento do Estado seja chumbado.
  • Miguel A. Lopes/EPA via Lusa
26 Outubro 2021, 16h30

O atual líder social-democrata Rui Rio abriu a fase de perguntas ao primeiro-ministro no debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 dizendo a António Costa que a iminência do chumbo da proposta apresentada pelo Governo, o que acarretará a dissolução da Assembleia da República e a realização de eleições antecipadas, mostra que “a ‘geringonça’ não tem pernas para andar e está sentada numa cadeira de rodas à espera que alguém a empurre”.

“O Orçamento provavelmente não vai passar. Mas mesmo que passe, está à vista de todos que a maioria parlamentar se desfez por completo”, disse Rio, acusando António Costa de tentar fazer “pesca à linha mudando o isco no anzol conforme o peixe”, procurando uma reviravolta de um dos antigos parceiros de ‘geringonça’ que permitisse viabilizar o documento na generalidade.

Antes de ouvir de António Costa a garantia de que não se demitirá mesmo que o Orçamento do Estado caia logo na generalidade, pois é seu dever “enfrentar as dificuldades”, Rui Rio acusou o primeiro-ministro de se ter “acantonado à esquerda” para aprovar seis orçamentos, arrastando ao mesmo tempo Portugal para a cauda da Europa.

“Fomos ultrapassados por países como a Estónia e a Lituânia, dois países pobres, da antiga União Soviética”, disse o líder social-democrata, apontando a Bulgária como o único país da União Europeia com salário médio inferior a Portugal tendo em conta a paridade de poder de compra. Algo que, na opinião do líder social-democrata, decorre das constantes exigências dos partidos mais à esquerda para manter os socialistas no poder, mesmo beneficiando de uma “conjuntura favorável” de juros baixos suportados pelo Banco Central Europeu.

Rio chegou a comparar as posições tomadas pelo primeiro-ministro e pelo fundador do PS, salientando que “Mário Soares percebeu que nunca poderia ficar nas mãos do PCP”. António Costa viria a responder que “tem muito orgulho de em 2015 ter rompido com o mito do arco de governação, que estabelecia um muro de Berlim em que de um lado estavam o PS, PSD e CDS, e que excluía da participação na governação os restantes partidos”, sublinhando que contou então com o apoio de Mário Soares, que faleceu dois anos mais tarde.

Apesar disso, enumerando motivos para o afastamento do primeiro-ministro caso o Orçamento do Estado seja chumbado, como a existência de um Plano de Recuperação e Resiliência para executar e “em que o país não pode perder tempo sob pena de perder uma tranche” ou o fim da coligação que apoiou a sua governação ao longo dos últimos seis anos, Rui Rio desafiou Costa a explicar como pretende governar em tal cenário e depois de ter deixado claro que não aceitaria continuar a governar se dependesse para tal do PSD.

A esse propósito, o primeiro-ministro voltou a defender que o Bloco Central “enfraquece a democracia”.

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