Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, apresentou este sábado a demissão da liderança da Iniciativa Liberal. Ao fim de menos de duas semanas após as eleições legislativas antecipadas, que obteve 5,36% dos votos e nove mandatos, o até agora presidente do partido escreveu num e-mail que “desta vez foi mais liberal para mais portugueses”, mas “ainda não os suficientes”.
No e-mail enviado aos militantes e a que o Jornal Económico teve acesso , Rui Rocha diz que se demite para renovação do ciclo político. O presidente da IL demissionário “devolve a palavra aos membros da Iniciativa Liberal para que haja uma renovação para enfrentar o novo ciclo político”.
“Durante os quase dois anos e meio em que tive a honra de exercer a função de Presidente da Comissão Executiva, a Iniciativa Liberal defendeu um Portugal mais livre em quatro eleições regionais (Açores e Madeira), umas eleições europeias e duas eleições legislativas a que se somaram ainda as eleições internas de 2023 e 2025. Vivemos em dois anos e meio todos estes desafios que, noutras circunstâncias, partidos e lideranças provavelmente só teriam de enfrentar em períodos de tempo bem mais alargados, correspondentes a uma ou mesmo a duas legislaturas”, escreve Rui Rocha.
Nesse período, “a Iniciativa Liberal passou a estar representada em todos os parlamentos, obteve o seu melhor resultado de sempre em eleições de âmbito nacional nas Europeias de 2024 e o melhor resultado de sempre em legislativas em número de votos, em percentagem e em número de mandatos nas eleições de 2025. Ao mesmo tempo, o partido deu passos claros no sentido de uma gestão mais profissional, com reforço das equipas e novas ferramentas, crescendo quer em número de núcleos, quer de membros”, lembra o presidente demissionário.
Rui Rocha explica que “ao longo deste tempo como Presidente da Comissão Executiva a minha prioridade permanente foi a de garantir a autonomia estratégica, política e financeira da Iniciativa Liberal” e que foi por isso que “recusámos sempre qualquer possibilidade de integrar coligações pré-eleitorais, apresentando-nos a todas essas eleições com a nossa visão, as nossas propostas e as nossas pessoas”.
“Foi por isso que nos apresentámos a essas eleições com as nossas bandeiras, como único partido que confia nas pessoas e recusa uma visão dirigista, estatista e despesista do país. Foi por isso que recusámos integrar o governo em 2024, constatando que não estavam garantidas as condições para executar uma agenda reformista. Foi por isso que garantimos a atividade do partido com total equilíbrio financeiro e sem endividamento”, refere Rui Rocha no mail.
“Olhando para estes últimos meses, estou mesmo convencido que tomámos as decisões certas nos momentos mais críticos. Tomámos a decisão certa na discussão da moção de confiança, fizemos uma boa campanha eleitoral, apresentámos as nossas propostas com uma visão positiva para o país, representámos bem os nossos eleitores, estivemos à altura das circunstâncias”, acrescenta.
Rui Rocha diz mesmo, referindo-se às eleições legislativas de 18 de maio, que “com as eleições legislativas de 2025 abre-se um novo ciclo político que se inicia com uma representação parlamentar significativamente diferente. Um ciclo político com enormes desafios e para o qual a Iniciativa Liberal não parte, reconhecendo a minha integral responsabilidade nisso, com a preponderância de um peso eleitoral pelo qual lutámos e todos desejávamos”.
“Desta vez foi Liberal para mais portugueses, mas ainda não os suficientes para acelerarmos Portugal conforme queríamos e era tão necessário” sublinha o presidente demissionário.
“A exigência que sempre apliquei na minha ação pessoal, profissional e política não me permite ignorar este facto e impõe que decida em conformidade”, conclui Rui Rocha.
“Tudo o que fiz foi pelo partido, fiz tudo pelo partido e fiz tudo com total desprendimento”, acrescenta dizendo que “é com esse mesmo desprendimento de quem nunca esteve agarrado a qualquer lugar, depois de uma profunda reflexão, decidi apresentar a minha demissão nesta data”.
“Servir o partido, neste momento, significa abrir a oportunidade para uma discussão interna sobre os caminhos futuros da Iniciativa Liberal, a visão estratégica mais adequada para o novo cenário político e uma nova liderança”, avança.
O líder da IL vai assumir o lugar de deputado que conquistou pelo círculo de Braga e promete que “vai andar por aí”, agora de regresso à posição de membro base do partido.
“Pela minha parte, continuarei a andar por aqui”, garante avançando já que “assumirei o mandato de deputado na Assembleia da República e contribuirei como membro de base da Iniciativa Liberal em todos os combates onde possa ser útil ao partido e ao país”.
“A minha intenção sempre foi a de servir a Iniciativa Liberal. Foi assim quando, ainda recém-entrado no partido prescindia das minhas horas de almoço, das noites ou de fins de semana para colaborar com a equipa de comunicação. Foi assim quando assumi responsabilidades em diferentes órgãos locais e nacionais da Iniciativa Liberal. Foi assim como cabeça de lista pelo círculo de Braga em 2022. Foi assim enquanto Presidente da Comissão Executiva.”, lê-se na mensagem aos militantes da IL.
(atualiza com o mail do presidente da IL)
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