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Rússia/Eleições: Líder da oposição no exílio denuncia “falsificação maciça”

Gudkov, que foi declarado “dissidente procurado” em dezembro de 2023, acusou a comissão eleitoral de “desenhar” os números, expressão usada em russo para a manipulação de resultados oficiais, sejam eles eleitorais ou estatísticos.”Todos viram no domingo na Internet quantas pessoas estão contra Putin”, disse.
Maxim Shemetov/Reuters
18 Março 2024, 15h58

O opositor russo Dmitry Gudkov denunciou hoje a “falsificação maciça” dos resultados das eleições presidenciais na Rússia, que ditaram a reeleição do Presidente Vladimir Putin com 87,28% dos votos.

“O que é que aconteceu nos últimos três dias? Falsificação maciça. Eles podem anunciar qualquer número que quiserem”, disse Gudkov à agência noticiosa espanhola EFE numa conversa telefónica.

Gudkov, que foi declarado “dissidente procurado” em dezembro de 2023, acusou a comissão eleitoral de “desenhar” os números, expressão usada em russo para a manipulação de resultados oficiais, sejam eles eleitorais ou estatísticos.”Todos viram no domingo na Internet quantas pessoas estão contra Putin”, disse.

Referindo-se aos milhares de eleitores que participaram na ação da oposição “Meio-dia contra Putin”, dirigindo-se às assembleias de voto a essa hora no domingo, o opositor disse que tal demonstrou “quantas pessoas estão contra Putin”.

Segundo Gudkov, nem Putin acreditou nos resultados e apenas “fingiu” a satisfação em frente às câmaras.

“Teve muito menos votos. A organização de observação eleitoral Golos foi posta de lado. E o voto eletrónico é incontrolável”, assegurou Gudkov, que teve de votar em Limassol, onde está exilado, para evitar ser preso.

O dirigente da oposição russo disse prever que Putin “aperte ainda mais o regime” nos próximos meses e abra o debate sobre a necessidade de nova mobilização de homens para a guerra na Ucrânia.

De qualquer forma, Putin terá dificuldade em mobilizar os russos, uma vez que a reação do povo será muito negativa, opinou.

O oposicionista apelou ao Ocidente para que corrija as sanções, de modo a que não tenham impacto no povo e afetem apenas a liderança russa, e não excluiu a possibilidade de alguns países se recusarem a reconhecer a vitória eleitoral do líder do Kremlin.

“Ainda é cedo, mas os países bálticos não reconhecerão certamente Putin como Presidente e alguns outros países também não o reconhecerão”, afirmou.

A Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que, com quase 100% de todos os distritos eleitorais contados, Putin obteve o maior número de votos de todos os tempos, 76 milhões, correspondentes a 87,29%.

As eleições presidenciais começaram na sexta-feira e terminaram no domingo.

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