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Salários dos engenheiros vão crescer acima da média nacional

A escassez da oferta abre boas perspetivas, tanto na mobilidade de emprego como nos salários. Acentua-se a tendência dos engenheiros que optam por funções de gestão.
13 Abril 2019, 15h00

“A tendência é que os salários continuem a aumentar mais do que a média nacional e a inflação prevista para as outras áreas”. Carlos Andrade, senior executive manager da Michael Page no Porto, explica ao Jornal Económico que a procura de profissionais das áreas de engenharia continua a fazer sentir-se, ultrapassando em muitos casos a oferta, o que constitui um fator de pressão sobre os salários.

“Segundo os nossos estudos – adianta ­– estimamos uma inflação na ordem de 7 a 8%, em média, para este setor”.

A tendência de subida dos salários nas profissões que têm por base formação nos vários ramos de engenharia iniciou-se há dois, três anos e está para ficar. No geral, tem vindo a intensificar a mobilidade em várias especialidades, pressionando outro ponto crítico: a mobilidade extra profissional.

A passagem da engenharia para a gestão é “uma prática comum”, admite Carlos Andrade. “A verdade – explica – é que a maior parte dos engenheiros, ao fim de quatro ou cinco anos de experiência profissional, já procura tarefas de gestão. Os engenheiros veem isso como uma progressão natural de carreira, a evolução para tarefas de gestão”, justifica o responsável da Michael Page que auxilia as empresas a recrutar sem se exporem ao mercado. Nesta evolução reside precisamente “uma das grandes dificuldades das empresas”, uma vez que, salienta, “grande parte dos seus engenheiros querem deixar de efetuar funções técnicas e passar para funções de gestão.”

O estudo anual de tendências salariais da Michael Page é efetuado com base no conhecimento que a empresa tem do mercado, mas também do seu contacto com empresas, clientes e candidatos. O universo é vasto, fidedigno e representativo, assegura. A edição de 2019 revela que um profissional das engenharias que trabalhe na indústria, por norma, consegue uma remuneração melhor do que aquele que trabalha na construção. Enquanto na indústria um diretor-geral pode almejar ganhar entre 110 mil euros brutos (valor mínimo) em Lisboa e no Porto, que remuneram no mesmo nível, e 170 mil euros (valor máximo), um diretor-geral de uma empresa de construção poderá auferir entre 85 mil euros, mínimo, no Porto, e 110 mil euros, máximo. O limite superior da tabela é o mesmo tanto na Invicta como na capital.

A aproximação é mais nivelada quando se compara, por exemplo, a folha salarial de um responsável pela qualidade na indústria química ou farmacêutica com a de um responsável pelas instalações no setor dos serviços.

Carlos Andrade explica que para o bom momento salarial das engenharias contribui o reforço da capacidade produtiva de várias multinacionais, juntamente com o lançamento de projetos e empresas de âmbito industrial, bem como uma nova vaga de centros de investigação e desenvolvimento, centros tecnológicos e de competências.

Exemplo dessa aposta é a explosão que vive a função de engenheiro de produto, com conhecimento em ferramentas CAD. “Tem sido amplamente requisitada” frisa. Neste caso concreto, a remuneração do profissional desta especialidade que trabalhe numa grande empresa do Porto pode oscilar entre 26 mil euros brutos anuais, mínimo, e 39 mil euros, máximo. Comparativamente aos valores estimados para 2018, conforme O Jornal Económico noticiou, são mais três mil euros no primeiro caso e quatro mil no segundo.

Quais as regiões do país que melhor remuneram os engenheiros? Curiosamente, um tanto ou quanto o inverso do que se verifica na maior parte das áreas profissionais que a Michael Page trabalha no âmbito do estudo de tendências: engenharias e tecnologias de informação (TI) são as áreas onde os salários mais se aproximam em termos regionais, onde se esbatem mais as tradicionais diferenças entre Porto e Lisboa.

Em consequência da escassez de engenheiros fora dos principais centros urbanos, por vezes até acontece o inverso. “Em alguns casos, verificamos que algumas empresas do interior têm de oferecer salários mais elevados para conseguir atrair profissionais qualificados”, explica Carlos Andrade.

Segundo o estudo, os perfis mais procurados situam-se sobretudo ao nível do middle management para funções como engenheiros de processo, engenheiros de melhoria contínua, supervisores de produção, técnicos de manutenção, gestores de projeto e engenheiros de produto.

A boa imagem das engenharias não é alheia à nova tendência que se desenha na hora de entrar no ensino superior. Em 2018, os alunos com as melhores notas escolheram justamente cursos desta área.

Artigo publicado na edição nº 1982 de 29 de março do Jornal Económico

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