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Seis em cada dez famílias europeias receiam subida da conta da luz no inverno

Em Portugal, preocupação chega a quase 90% dos inquiridos. Energia solar aumenta confiança, mas dúvidas sobre eficácia no inverno persistem.
16 Setembro 2025, 09h52

A escalada dos custos da eletricidade continua a preocupar as famílias europeias. De acordo com um estudo da empresa Otovo, que inquiriu mais de 3.800 pessoas em dez países, 60% dos agregados familiares receiam o impacto das contas da luz neste inverno.

Em Portugal, a apreensão é ainda mais expressiva: 89% dos inquiridos assumem estar preocupados, colocando o país entre os mais alarmados do continente.

Os dados mostram que a energia solar não é apenas uma questão ambiental, mas sobretudo uma resposta económica às crescentes incertezas no setor elétrico” sublinha José Trovão, Head de energia no ComparaJá. 

Energia solar aumenta resiliência

A análise revela que a utilização de energia solar está associada a uma maior sensação de preparação face a novos aumentos. Entre os consumidores sem painéis solares, apenas 38% se sentem preparados para enfrentar a escalada de preços, ao passo que 51% dos utilizadores de sistemas solares dizem estar confiantes.
No caso português, a diferença é ainda mais evidente: 53% dos utilizadores de energia solar sentem-se preparados, contra apenas 43% dos restantes consumidores.

Estratégias para mitigar custos

Perante a perspetiva de um inverno com preços elevados, as famílias estão a equacionar várias estratégias:

  • Não utilizadores privilegiam investimentos estruturais, como instalação de painéis solares (68%), aquisição de baterias (52%) e adesão a programas de apoio (39%).
  • Utilizadores de energia solar focam-se em reforçar a autonomia, com 50% a considerar adicionar baterias e 49% a investir em equipamentos mais eficientes.

O estudo indica também que quase 80% dos inquiridos acreditam que a combinação de painéis solares com baterias garante maior independência energética, percentagem que ultrapassa os 90% em países como Alemanha, Áustria e Portugal. Ainda assim, mais de metade (54%) mantém dúvidas sobre a eficácia da energia solar durante o inverno.

Motivações: fator financeiro sobrepõe-se ao ambiental

Embora a consciência ambiental tenha ganho relevância, o fator económico continua a ser determinante. As principais motivações para investir em energia solar passam pela independência e autossuficiência energética, referida por 35% a 40% dos inquiridos, pela redução de custos a longo prazo (25% a 30%) e pela proteção contra futuros aumentos de preços, mencionada por cerca de 10%. Seguem-se os incentivos governamentais, apontados por 8% a 10% dos participantes, e a sustentabilidade ambiental, que surge apenas entre 5% a 7%. Em Portugal, o peso financeiro é ainda mais evidente, já que apenas 6% dos inquiridos indicam razões ambientais como principal motivação.

Diferenças geracionais e regionais

O inquérito mostra ainda que os mais jovens (18-34 anos) são os mais otimistas, com 85% a afirmar estar dispostos a agir. Já os mais de 65 anos revelam maior preocupação (93%), mas menor confiança na energia solar (71%).
Entre países, Itália e Portugal lideram na preocupação com as contas de eletricidade, enquanto Alemanha e Áustria se destacam pela forte crença na independência energética garantida pelo solar.

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