[weglot_switcher]

Sem Rasto!

Pedro Nuno Santos (PNS) é um rapaz de “casos e tropelias”. Esta minha frase, se lida por um socialista, obterá critica pelos “casos e tropeias” e não pelo epíteto de “rapaz”.
9 Janeiro 2024, 21h50

O ex-ministro da saúde de Sócrates, Correia de Campos, atirou-se à RTP quando esta noticiou que entre 24 e 30 de Dezembro morreram mais pessoas que no período homólogo de 2020, altura em que vivíamos o auge da pandemia covid. A associação é clara e óbvia. Numa altura em que os serviços hospitalares do serviço nacional de saúde pedem meças ao que vimos em cenários de guerra (perdoem-me a hipérbole caricatural) a notícia não podia deixar de incomodar o universo socialista. Pois bem, mas o ex-governante mais transparente dos últimos tempos, relembre-se que assumiu, a propósito do caso das gémeas brasileiras que no seu gabinete “tinha um assessor só para as cunhas”, não fez por menos. Considerou que um ataque á televisão do Estado, vindo de um destacado socialista, era uma excelente ideia. É perfeitamente normal, portanto. Como será perfeitamente normal, se lhe perguntarem, o facto de José Luís Carneiro ter telefonado ao Presidente da RTP por causa de um cartoon. Um pouco o que o Dr. Correia de Campos  tentou fazer, logo coadjuvado pelo lamentável Pizarro que brandiu que a coisa “resolve-se se houver boa vontade dos médicos”. Não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”, meus caros. Quem quer ter uma televisão na esfera pública não se pode dar ao luxo de insinuar qualquer tipo de pressão. E ainda menos quando somos do partido do governo. Ou do próprio executivo governativo.

 O Dr. Correia de campos, não me esqueço, é o mesmo que numa apresentação na Madeira trouxe um powerpoint com dados dos Açores. Apesar de alertado, lá continuou a discorrer sobre a realidade do outro arquipélago. Desarmante, como sempre. Não sou ingénuo, quer no caso da RTP, como nas cunhas da saúde . Não acho que foi a primeira vez que aconteceu. Ou que terá sido a última. Mas “normalizar” situações que são claramente desconformes, é muito preocupante, ainda mais vindo de um partido de poder.  No dia em que perdemos o decoro, mesmo que cénico, estaremos mais perto da ditadura.

Carta ou WhatsAPP?

Pedro Nuno Santos (PNS) é um rapaz de “casos e tropelias”. Esta minha frase, se lida por um socialista, obterá mais critica pela parte em que afirmo existirem “casos e tropeias”, e não tanto pelo epíteto de “rapaz”. É que, mesmo sabendo que PNS é mais velho do que Sá Carneiro, Cavaco, Guterres e Passos, tendo a mesma idade de Sócrates ou Durão, quando estes 6 subiram a 1º ministro, a verdade é que a postura de “ ‘tá-se bem” do enfant  terrible do PS dá-lhe uma aura de eterna juventude, a quem se perdoam as diatribes. “Ele é líder, tem carisma. Quando amadurecer será um grande estadista”. Esta é uma frase que encaixa como uma luva no líder de uma Jota. Pedro Nuno, porém,  deixou esse cargo há uns dolorosos 16 anos.

O caso dos CTT é (mais um) exemplo claro da sua maneira de estar. E que não vai “amadurecer”. O homem a quem a geringonça incumbia de trazer a Costa as exigências do Bloco e PCP, tutelava em 2020 as telecomunicações. Num orçamento que tinha de ser aprovado, os mesmo BE e PCP exigiam uma reversão dos CTT, entre outros “avanços civilizacionais”, para aprovar o diploma.  A verdade é que o Estado voltou a entrar no capital social da empresa postal. Pela calada. Através de um despacho não publicado, mas que indicava que a compra não atingisse o limite de comunicação ao mercado. A Intenção de não ser escrutinado era clara. No papel. Lembra-vos algo? Se PNS primeiramente nada sabia, de algo que tutelava, num negócio com os seus parceiros BE e PCP. Se assim fosse não teria qualquer condição para liderar um governo. Mas claro, lá teve de assumir que sabia, mesmo depois de ter remetido esclarecimentos para outros (como aconteceu na TAP), temendo a vinda a público de um WhatsApp com estes termos “ Pá! ´tou  janta c/  Mariana e Cat no bairro e é p’a cmpr a mrd dos CTT! Sem rasto! Abç”. Com PNS o que hoje é verdade, amanhã é mentira. E há sempre um camarada para assumir a culpa. E também há sempre uma empresa priva(tiza)da para (re)nacionalizar, injetando tantos milhares de milhões de euros que sejam necessários até tornar-se lucrativa, segundo as suas contas de merceeiro( com o perdão destes). A forma como tanto no caso da TAP como no dos CTT, remeteu explicações para Medina, faz-nos lembrar o fanfarrão que parte um vidro do vizinho ao jogar à bola no recreio da escola, acusando de imediato o melhor aluno, que nem gosta de jogar à bola. Ou que nem frequentava a escola ( no segundo caso).

Não é só a responsabilidade e competência, que vão a votos. O carácter também é escrutinável.

Bom ano!

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.