É esta quarta-feira que a última das Sete Magníficas – Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – apresenta os resultados do segundo trimestre do ano fiscal de 2025. Falamos da “queridinha” de Wall Street, a empresa mais valiosa do mundo: Nvidia. À boleia dos seus semicondutores de Inteligência Artificial (IA), os analistas não duvidam de que as contas desta tecnológica ditarão o rumo do mercado o resto da semana.
“Os resultados e guias de Nvidia às 21h, após o fecho de Wall Street, serão sem dúvida a referência que inclinará a balança da semana para um ou outro lado. Se não houver surpresas, os fortes crescimentos de EPS esperados (0,646 dólares, +140%) deverão continuar a apoiar a avaliação da empresa e os mercados devido ao seu enorme peso nos índices”, explica uma research do Bankinter.
É expectável que as receitas mais que dupliquem para 28,7 mil milhões de dólares (cerca de 25,7 mil milhões de euros) no trimestre que terminou a 30 de julho, de acordo com as previsões compiladas pela FactSet. No entanto, os traders contactados pelo Jornal Económico (JE) alertam para a hipótese de que os números não sejam suficientes para levar a empresa a mais recordes.
“Embora os resultados sejam excecionais, há nervosismo no mercado sobre se serão suficientes para impulsionar o valor para novos máximos, após uma subida no ano de +155,4%, que levou o SOX [índice PHLX Semiconductor] a uma reavaliação de +22,1%”, diz o analista Henrique Tomé, da XTB.
Segundo Henrique Tomé, as métricas de crescimento da Nvidia são “impressionantes para uma empresa daquela dimensão”, como demonstram as receitas, com um crescimento de 208%, e o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que aumentou 61,77%. “Além disso, a produção da Nvidia está a contribuir para uma revolução tecnológica à escala mundial com a IA a entrar na vida das pessoas”, acrescenta, em declarações ao JE. Isto porque são processadores que se encontram em aparelhos tecnológicos como smartphones, televisões, computadores ou assistentes virtuais, com os quais estamos em contacto no quotidiano.
Ruben Ferreira, responsável pelas operações em Portugal da fintech Flow Community, considera que a Nvidia tem um “grande potencial” devido ao trabalho que tem desenvolvido na revolução tecnológica através da IA, enquanto as outras Big Tech ainda estão centradas nos serviços e software.
“A Nvidia fornece o hardware necessário para o avanço da tecnologia. Com a divulgação dos resultados marcados após o fecho do mercado a 28 de agosto, as expectativas são enormes. O mercado projeta que as vendas possam dobrar, impulsionadas pela elevada procura por chips. No entanto há motivos para cautela, mesmo que as vendas aumentem substancialmente, caso não sejam capazes de bater as estimativas, pode desencadear uma forte venda das ações”, afirma ao JE.
Então, qual é a probabilidade de a Nvidia desiludir logo à noite? Não é zero, mas é baixa, de acordo com os analistas do Bankinter. “A sua nova geração de chips para IA (Blackwell) está em execução, apesar de algumas dificuldades, e a própria empresa está perfeitamente consciente do risco que corre se dececionar após a fugaz realização de lucros nas tecnológicas, em inícios de agosto, por isso, tentará evitá-lo de todas as formas possíveis. Teremos alguma tensão, mas não há razões objetivas para o pessimismo”, argumentam, numa nota de mercado consultada pelo JE.
Atualmente, a indústria dos chips encontra-se nesse impasse preventivo. Aliás, entre as piores performances em bolsa anteontem, estive mesmo a Nvidia (-2,25%) e as suas concorrentes: Super Micro Computer (-8,27%), Broadcom (-4,05%), Micron Technology (-3,83%), AMD (-3,22%) ou Applied Materials (-3,18%).
Data | Período fiscal | EPS atual | EPS estimado | Variação | Receita atual (milhares de milhões de $) | Receita estimada | Variação | alteração de preço pós-resultados |
22/05/2024 | Q1 25 | 0,612 | 0,564 | +8,51% | 26.044 | 24.692 | +5,48% | +9,32% |
21/02/2024 | Q4 24 | 0,516 | 0,462 | +11,69% | 22.103 | 20.405 | +8,32% | +16,40% |
21/11/2023 | Q3 24 | 0,402 | 0,336 | +19,64% | 18.120 | 16.090 | +12,62% | -2,46% |
23/08/2023 | Q2 24 | 0,270 | 0,206 | +31,07% | 13.507 | 11.042 | +22,32% | +0,10% |
24/05/2023 | Q1 24 | 0,109 | 0,092 | +18,48% | 7.192 | 6.515 | +10,39% | +24,37% |
22/02/2023 | Q4 23 | 0,088 | 0,081 | +8,64% | 6.051 | 6.019 | +0,53% | +14,02% |
16/11/2022 | Q3 23 | 0,058 | 0,070 | -17,14% | 5.931 | 5.800 | +2,26% | -1,46% |
24/08/2022 | Q2 23 | 0,051 | 0,050 | +2% | 6.700 | 6.702 | -0,03% | +4,01% |
25/05/2022 | Q1 23 | 0,136 | 0,131 | +3,82% | 8.288 | 8.100 | +2,32% | +5,16% |
16/05/2022 | Q4 23 | 0,132 | 0,121 | +9,09 | 7.643 | 7.419 | +3,02% | -7,56% |
Fonte: Bloomberg Finance LP, XTB e JE
*EPS – Earnings Per Share (Lucros Por Ação)
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