“A nossa porta está aberta”: assim resumiu o Ministério do Comércio chinês a postura do gigante asiático para com os EUA, sinalizando a disposição de Pequim em negociar com Washington um recuo na guerra comercial em curso entre as duas maiores economias do globo. No entanto, os norte-americanos terão de estar preparados para reverterem o que os representantes chineses classificam como um “erro”, acrescentou. Já o Japão prepara-se para intensificar negociações na segunda metade de maio com vista a um acordo comercial no próximo mês.
As declarações do Ministério são o sinal mais claro de uma abertura por parte dos líderes chineses para negociar com os EUA um alívio das medidas e contramedidas impostas por ambos os lados e que levaram rapidamente as tarifas efetivas cobradas a cada um destes gigantes económicos acima de 100% – uma barreira que, segundo a generalidade dos analistas, equivale na prática a um bloqueio, ao apagar a viabilidade das trocas entre os dois países.
Em comunicado desta sexta-feira, Pequim reconhece a “iniciativa” norte-americana de arrancar com negociações, mas alerta que “tentar usar conversações como um pretexto para entrar em coerção e extorsão não resultará”.
“A posição da China é consistente. Se lutarmos, lutamos até ao fim; se falarmos, a nossa porta está aberta”, lia-se na nota. Pequim tem repetidamente classificado as tarifas decretadas pela administração Trump como injustas e erradas, garantindo que as irá combater “até ao fim”, como havia afirmado o Ministério a 9 de abril, após a suspensão para todos os países, exceto a China, das barreiras recíprocas anunciadas por Trump uma semana antes.
Como tal, “se os EUA querem falar, devem mostrar sinceridade e estar prontos para corrigir práticas incorretas, incluindo cancelar a imposição unilateral de tarifas”.
Na quarta-feira, Trump havia afirmado ver “muito boas hipóteses” de um acordo com a China, embora o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tenha dito à Fox News que os EUA estavam a pôr Pequim “para o lado”, procurando, ao invés, fechar acordos com 17 dos seus 18 principais parceiros comerciais.
Japão quer acordo
Na mesma linha, o Japão está a tentar alcançar um acordo comercial com os EUA até junho, indicou o negociador principal nipónico, sinalizando uma aceleração das negociações a partir de meados de maio.
Ryosei Akazawa completou esta semana a segunda reunião com os seus homólogos norte-americanos, após a qual fez saber que o consenso passava por intensificar os encontros a partir da segunda metade deste mês, com vista a finalizar o acordo em junho.
Ainda assim, “um acordo só pode ser alcançado quando tudo estiver definido, pelo que é irrelevante dizer quanto já teremos progredido”, ressalvou o representante japonês.
Trump tem vindo a sugerir que o Japão poderá ter de começar a pagar pela segurança militar providenciada pelos EUA, país que conta com cerca de 50 mil tropas em território nipónico. Tal ameaça foi também feita à Coreia do Sul, o país com mais bases militares norte-americanas fora do território administrado por Washington.
No entanto, Akazawa negou que esse assunto tivesse sido abordado nas conversações já tidas com representantes norte-americanos, bem como quaisquer aspetos relacionados com taxas de conversão cambial – outra das barreiras não tarifárias que a administração Trump cita como sendo prejudiciais para os EUA.
Apesar do recuo nas tarifas recíprocas, a indústria japonesa é fortemente afetada pelas barreiras de 25% colocadas à entrada de automóveis e componentes fabricados no estrangeiro, bem como sobre o aço e alumínio. Além destas, os produtos japoneses enfrentam, tal como os de todo o mundo, 10% de tarifa à chegada aos EUA.
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