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Taxa de risco de pobreza aumenta para 17% em 2023. Prevalência é maior nas Regiões Autónomas

Apesar da taxa de risco de pobreza ter diminuído entre as crianças, este grupo continua a ser dos mais vulneráveis a situações de pobreza e de exclusão social, segundo os dados divulgados no relatório Portugal, Balanço Social 2023. Em 2022 havia mais de 300 mil menores pobres no país.
15 Maio 2024, 12h07

A taxa de risco de pobreza aumentou de 16,4% para 17% em Portugal em 2023, de acordo com as conclusões do relatório “Portugal, Balanço Social 2023”, divulgado esta quarta-feira. A taxa de risco de pobreza atinge mais de 1,8 milhões de pessoas, o que significa que existe um acréscimo de 60 mil pessoas em situação de pobreza.

O relatório da autoria de Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Miguel Fonseca, que fazem parte do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center, lançado em parceria com a Fundação la Caixa, analisa os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento de 2022 e 2023, do Inquérito ao Emprego 2023, do Eurobarómetro (primavera 2023), do Instituto do Emprego e Formação Profissional e da Segurança Social.

Os desempregados continuam com uma taxa de risco de pobreza mais de quatro vezes superior (46,4%) à das pessoas empregadas (10,0%), segundo os dados de 2023.

Observando os dados de 2022, constata-se que a taxa de risco de pobreza das mulheres é mais alta do que a os homens (16,8% comparativamente a 15,9%), e os trabalhadores com contratos temporários enfrentam um risco de pobreza três vezes superior ao dos trabalhadores com contratos permanentes (20,6% e 7,4%, respetivamente).

O estudo mostra que há uma subida na prevalência da pobreza em todos os grupos etários, no entanto, este aumento é mais evidente entre as crianças, cuja taxa de risco de pobreza aumentou 2,2 pontos percentuais face a 2022. Em 2022 havia 302 mil menores pobres em Portugal. A taxa de risco de pobreza entre as pessoas com 65 ou mais anos também diminuiu neste período, mas há ainda 416 mil pessoas pobres neste grupo etário.

No que diz respeito às diferenças regionais, a prevalência da pobreza é maior nas Regiões Autónomas. A taxa de risco de pobreza é mais elevada na Madeira, com 10 pontos percentuais acima da média nacional, seguida dos Açores (com 9 pontos percentuais acima da média nacional). A taxa de privação material e social severa desceu em todas as regiões de Portugal entre 2021 e 2022, com exceção dos Açores, que também é a região onde o nível de desigualdade mais aumentou.

Peso da inflação

O aumento da inflação teve um impacto relevante nas condições de vida da população que vive em Portugal durante os anos de 2022 e 2023. Este agravamento da inflação teve especial impacto na população pobre. O relatório assinala que se verifica uma subida na insatisfação económica e nas dificuldades para chegar ao fim do mês, quer da população pobre, quer da população não pobre. Verifica-se igualmente uma maior prevalência de sobre-endividamento entre os não pobres. A insatisfação económica é especialmente frequente na população pobre, afetando quase dois terços dos indivíduos.

A percentagem de pessoas pobres que enfrentam privações aumentou entre 2021 e 2022, contrariamente ao que sucedeu com a população não pobre, que registou uma diminuição geral da privação.

Descontentamento e desconfiança nas instituições

O relatório revela que o descontentamento das pessoas que têm dificuldades económicas é muito elevado face à situação de Portugal, da economia e do mercado de trabalho em 2023, atingindo mais de 90%. A inflação é considerada o problema mais relevante em Portugal, seguindo-se a saúde e depois a situação económica.

As pessoas com dificuldades financeiras sentem uma maior falta de confiança nas instituições do que as pessoas sem dificuldades financeiras: 97% não confia nos partidos políticos (75% no caso das pessoas sem dificuldades financeiras), 82,5% na justiça (46% nas pessoas sem dificuldades financeiras) e cerca de 66% no Governo ou nas Câmaras Municipais (contra 56%).

As pessoas com maiores dificuldades financeiras declaram também menor satisfação com a democracia do que as que vivem de forma mais confortável (56,4% comparativamente a 30,8%).

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