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Teleféricos da Madeira vai investir 1,2 milhões

O investimento será alocado a um projeto de requalificação do Monte. A empresa controlada pela Etergest GPSA faturou 8,4 milhões de euros e transportou quase 700 mil passageiros em 2017, mais 6% do que em 2016.
Shrikesh Laxmidas
2 Fevereiro 2018, 06h50

Constituída em 1999, a Teleféricos da Madeira nasceu em resposta um repto lançado pelo atual presidente do Governo Regional. Miguel Albuquerque liderava na altura os destinos da Câmara Municipal do Funchal (CMF).

“Foi uma aposta ganha. Os fluxos turísticos mantêm uma frequência de crescimento positiva e o negócio corre bem. Trata-se de uma operação muito sustentável”, afirma Fernando Gouveia, um dos administradores da empresa.

Da estrutura de acionista original da sociedade anónima já não faz parte, desde 2014, a empresa pública ‘Horários do Funchal’ que vendeu a sua quota de 15% por 4,1 milhões de euros. Atualmente a sociedade é maioritariamente detida pela holding Etergest GPSA com 69% do capital, a Empresa de Eletricidade da Madeira, com 20% das quotas, a Blandy, com 5% e a Gil RAM com outros 6%.

O Teleférico que faz a ligação entre Funchal e o Monte é frequentado, sobretudo, por estrangeiros que chegam à Madeira via cruzeiro ou através do aeroporto internacional, embora a procura dos turistas nacionais também se reflita no crescimento da empresa.

Inicialmente pensou-se que o teleférico poderia assumir uma vertente de transporte público, o que nunca se veio a verificar.

O ‘passeio’ de 15 minutos entre a zona velha da cidade e o Monte beneficia de uma vista panorâmica única e é indubitavelmente procurado por turistas que sustentam um crescimento anualmente comprovado desde a sua criação.

Em 2017, a empresa transportou 693 mil passageiros, apresentando uma faturação da ordem dos 8,4 milhões de euros. “Tivemos um crescimento de 6% comparativamente a 2016, ano em que transportamos 659 mil passageiros”, reporta Fernando Gouveia.

Para estes números, contribuiu o aumento da taxa de turismo na Região, catalizada por eventos como os atentados terroristas e, acrescenta Fernando Gouveia, pelo trabalho desenvolvido pela Madeira na sua externalização enquanto destino turístico.

A Teleféricos da Madeira explora também o Teleférico do Jardim Botânico, mas a sustentabilidade financeira deve-se, sobretudo, ao percurso entre o Funchal e a freguesia do Monte, um curso com aproximadamente 3.200 metros de comprimento percorrido por 39 veículos cuja capacidade de transporte ascende às 800 pessoas.

Não obstante o crescimento, o negócio foi afetado, em agosto de 2016, pelos incêndios que assolaram a Madeira e afetaram a área de sobrevoo do Teleférico do Funchal. Na altura, a Teleféricos da Madeira doou 50 mil euros à Câmara Municipal do Funchal para fazer face a despesas, uma iniciativa que se enquadra na sua política social que passa também pelo contributo para a manutenção das áreas onde opera.

Apesar deste contratempo e da diminuição do número de navios acostados na Pontinha, a Teleféricos da Madeira dá conta de um aumento do volume de negócios global na ordem dos 3,1% entre os exercícios de 2015 e 2016.

“Não há uma identidade entre o crescimento percentual dos turistas transportados por via marítima e o crescimento percentual equivalente do negócio. Entre 2015 e 2016, o negócio incrementou-se claramente, apenas da redução do número de navios e de passageiros transportados por via marítima”, refere Fernando Gouveia.

Valorização do Monte

Com resultados francamente positivos, a Teleféricos da Madeira está atenta às oportunidades do mercado e disposta a investir na Região sempre que se proporcione.

João Reis, outro dos administradores da Teleféricos da Madeira, considera que a exigência do Governo Regional em ‘obrigar’ as empresas que operam na Madeira a pagar impostos no arquipélago não só é justa, como normal.

“A nossa empresa sempre pagou os impostos cá, desde o seu primeiro exercício de contas”, sublinha.

Em 2016, os encargos financeiros sobre as remunerações ascenderam aos 610 mil euros e o pagamento de IRC aos 1,1 milhões de euros. A Teleféricos da Madeira prepara-se agora para investir 1,2 milhões num projeto de requalificação do Monte que inclui a recuperação da Quinta da Cancela e a construção de um jardim.

A ideia consiste, explica João Reis, tornar o Monte mais atrativo para os visitantes e atrair, em consequência, mais utilizadores para o teleférico.

“Valorizar a operação e a área geográfica onde trabalhamos é sempre uma preocupação nossa. A nossa empresa é madeirense, trabalhamos para a Madeira, três dos acionistas maioritários são madeirenses”, declara João Reis.
Outra das grandes preocupações da Teleféricos da Madeira é a segurança feita através de manutenção preventiva, programa e uma monitorização constante. “Nesta matéria não há margem para poupança”, afiança João Reis.

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