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Telemóveis das princesas do Dubai foram vigiados com spyware Pegasus

Emirados Árabes Unidos, a Índia, o Azerbaijão, Marrocos, o México, Hungria, Arábia Saudita, Ruanda, Cazaquistão e Bahrain são alguns dos países que usaram esta tecnologia para vigiarem jornalistas, ativistas e advogados.
22 Julho 2021, 12h47

As princesas Latifa e Haya Bint al-Hussein, a filha do emir do Dubai e a ex-mulher, tiveram os seus números de telefone vigiados, revela a investigação ao spyware Pegasus da empresa israelita NSO Group, avança a “BBC”.

O nome de Latifa tornou-se viral depois de uma investigação da “BBC”, em que a filha do governante do Dubai admitia em vídeo que estava a ser mantida refém pelo seu pai e que temia pela sua vida. Por sua vez, a princesa Haya, ex-mulher do emir, abandonou o Dubai em 2019, tendo fugido para o Reino Unido com os dois filhos.

Inicialmente, a investigação do “The Guardian” encontrou uma lista onde constavam 180 números de telefone que estariam a ser supervisionados através de escutas, mas a “BBC” adianta agora que a lista de telefone alvos do spyware aumentaram para os 50 mil. O presidente francês Emmanuel Macron e a editora Roula Khalaf do “Financial Times” estão também entre os visados.

A presença dos números de telefone das duas princesas levanta agora dúvidas relativamente à sua importância para os clientes governamentais do NSO Group. A Amnistia Internacional já veio a público garantir que esta descoberta vem implicar a empresa de tecnologia israelita no “catálogo de violações dos direitos humanos”.

Há vários meses que ninguém sabe do paradeiro da princesa Latifa, que desde que tentou fugir, em 2018, foi mantida numa propriedade do pai transformada em prisão temporária. De relembrar que a princesa Latifa conseguiu escapar dos Emirados Árabes Unidos e entrar num barco que se deslocava no Oceano Índico quando foi levada de volta para o Dubai, a mando do próprio pai.

Também Haya Bint al-Hussein abandonou o Dubai com os seus dois filhos em 2019, tendo acusado o seu então marido de sequestro, tortura e intimidação. Refugiada no Reino Unido, a princesa Haya da Jordânica pediu o divórcio e a guarda dos seus filhos, que partilha com o emir, e ainda proteção contra o casamento forçado. O Rei da Jordânia, e seu irmão, deu-lhe a segurança de que não seria repatriada para o Dubai e atualmente, Haya trabalha como diplomata da Jordânia no Reino Unido.

De acordo com as alegações após a fuga, Haya abandonou o território dos Emirados após confirmar o que o seu então marido estava a fazer com as suas próprias filhas, as princesas Latifa e Shamsa.

Os dados apontam que os Emirados Árabes Unidos, a Índia, o Azerbaijão, Marrocos, o México, Hungria, Arábia Saudita, Ruanda, Cazaquistão e Bahrain estão entre os países que emitiram mais pedidos de vigilância. De acordo com a NSO Group, foram vários os governos que compraram o spyware, com a empresa a insistir que a responsabilidade é das entidades governamentais e que estes estão contratualmente obrigados a utilizar o Pegasus apenas como uma ferramenta de espionagem para combater “crimes graves e terrorismo”.

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