Álvaro Santos Pereira, diretor do Departamento de Estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), instou esta quinta-feira Portugal a “regressar” às reformas estruturais, como forma de potenciar o crescimento económico do país e enfrentar o desacelerar projetado pela instituição nos próximos anos.
“Se Portugal está a crescer perto de 2% foi porque há anos atrás se fizeram reformas estruturais importantes que fizeram libertar o crescimento económico e baixar o desemprego”, disse Álvaro Santos Pereira, em declarações à RTP3, a partir de Paris. “Temos que voltar às reformas estruturais. Precisamos de melhorar a nossa competitividade, precisamos de apostar em políticas que dinamizem a nossa produtividade que é muito baixa e tem crescido a ritmos demasiado baixo, e precisamos de estar a crescer como outros países da Europa de Leste estão a crescer”, acrescentou.
Na sede da organização que esta quinta-feira divulgou o “Economic Outlook”, o antigo ministro da economia português alertou para a necessidade de colocar a desaceleração prevista para o crescimento do PIB português até 2021 num contexto de abrandamento mundial.
A OCDE projeta que a economia portuguesa cresça 1,9% este ano, subindo ligeiramente as projeções face ao relatório publicado em maio, quando via o PIB a crescer 1,8%, e alinhando com as previsões do Governo, mas corta as projeções para 2020 e vê o PIB a expandir 1,8%, desacelerando para 1,7% em 2021.
“É importante pôr as coisas em contexto: estamos a prever uma grande desaceleração da economia mundial. Há um ano atrás, estava a crescer cerca de 4% ao ano, neste momento estamos a prever que vai ser 2,9% e para o próximo ano 3%. São taxas de crescimento da economia mundial mais baixas desde a crise internacional”, frisou, sublinhando que “também se prevê na Europa por causa das tensões comerciais, do Brexit, vai desacelerar muito”, que deverá ter uma expansão de 1,2%.
Santos Pereira destacou que “parceiros económicos importantes” de Portugal como a Alemanha deverá crescer 0,5% e Espanha 1,6%.
“A economia portuguesa como é uma economia aberta é afetada pela conjuntura internacional e prevemos que este ano vamos ter um crescimento de 1,9%, para o ano 1,8% e depois 1,7% em 2021”, disse.
O responsável pelos estudos económicos da OCDE realçou ainda a importância de progressos na redução do crédito malparado. “Já se fez muito a nível de recuperar os bancos, mas mesmo assim continuamos com crédito malparado que são demasiado elevados e é importante continuar a diminuir”, disse, realçando que Portugal é o terceiro país com níveis mais elevados na OCDE.
“Quando os bancos não estão de boa saúde, a economia não pode estar de boa saúde”, destacou.
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