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Tensão comercial entre Estados Unidos e China e Covid-19 no topo dos riscos políticos de 2020

Consultora de risco March prevê que a aproximação das presidenciais norte-americanas seja acompanhada por uma escalada do confronto entre as maiores economias mundiais, sendo a tecnologia a principal frente de batalha. Relatório aponta para impacto negativo de 700 mil milhões de dólares devido à guerra comercial.
4 Março 2020, 08h10

O relatório “Political Risk Map 2020”, elaborado pela consultora Marsh, aponta a tensão comercial entre Washington e Pequim como o principal foco de instabilidade com que as empresas devem contar em 2020, podendo custar 700 mil milhões de dólares (627 mil milhões de euros) à economia global ao longo deste ano. “Apesar de os Estados Unidos e da China terem chegado a um acordo ‘fase um’, é improvável que tenham resolvido o diferendo de forma permanente”, lê-se no documento, que também não esquece o Covid-19 enquanto fator de incerteza na economia, estimando que o coronavírus venha a perturbar o comércio e a distribuição.

Certo está para os autores do “Political Risk Map 2020” que a aproximação das presidenciais norte-americanas, marcadas para 3 de novembro, terá o condão de provocar uma escalada no confronto entre as maiores economias mundiais. “A indústria tecnológica deverá assumir-se como uma frente de batalha entre os dois países, à medida que cada um deles tenta reduzir a dependência tecnológica em relação ao outro”, defende o relatório, que também aponta a proteção de propriedade intelectual e o apoio estatal a determinadas setores industriais como questões em que a China e os Estados Unidos manterão plena discórdia.

“Os negócios ficarão enredados neste antagonismo, à medida que os dois países irão politizar relações comerciais e investimentos”, defende a Marsh, apontando como exemplos as pressões exercidas pelos Estados Unidos sobre os seus aliados para que não recorram às soluções tecnológicas da Huawei no desenvolvimento do 5G.

Por outro lado, apesar do relativo desanuviamento registado nas últimas semanas, as relações entre os Estados Unidos e o Irão dominarão os riscos no Médio Oriente. Para os autores do “Political Risk Map 2020”, as retaliações do regime de Teerão à administração Trump podem passar pelo assassinato de figuras destacadas, atentados bombistas e ciberataques em toda a região, recorrendo a grupos terroristas associados aos iranianos. Mas não só: “O Irão poderá pressionar os aliados regionais dos Estados Unidos ao aumentar a presença no estreito de Ormuz, onde qualquer disrupção significativa pode ter impacto no abastecimento de petróleo e, assim sendo, na economia global”.

Apesar dos riscos decorrentes de reformas estruturais em curso em países sul-americanos, como o Chile, a Colômbia, a Bolívia e o Equador, e ou da possível intervenção militar da República Popular da China em Hong Kong, também são apontadas oportunidades. Sobretudo nos mercados emergentes, que deverão ver o produto interno bruto aumentar 4,3% em 2020, destacando-se a necessidade de “conhecimento e financiamento estrangeiro” que países da Ásia e da África subsariana têm para desenvolver infraestruturas de transportes e de logística, bem como no setor da energia.

 

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