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Tesouro espanhol emprestou 500 milhões à SEPI para compra da Telefónica

Com esta despesa marcante em fevereiro, a imprensa espanhola adianta que em março se deverá verificar a transferência dos 200 milhões de euros, de forma a cobrir a diferença até aos 700 milhões para a aquisição de mais ações.
1 Abril 2024, 15h26

O Ministério das Finanças espanhol emprestou 500 milhões de euros à Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (SEPI) para assumir 3,04% da operadora Telefónica. A notícia está a ser avançada pelo “Cinco Días”, uma semana depois do Estado espanhol oficializar a entrada enquanto acionista.

Segundo a publicação, o plano começou a ser orquestrado algumas semanas antes da oficialização da entrada. O empréstimo foi agora revelado num relatório da Intervención General de la Administración del Estado (IGAE), depois de ter sido concretizado em fevereiro.

Apesar do avultado empréstimo, estima-se que a SEPI tenha resguardados 200 milhões para adquirir mais 2% da Telefónica quando o mercado o permitir. No arranque do mês passado, cada título da Telefónica estava avaliado em 3,60 euros, o que significaria que a empresa estatal tinha de desembolsar cerca de mil milhões de euros por 5% da empresa. Atualmente, as ações da operadora estão avaliadas em 4,09 euros.

De acordo com a imprensa espanhola, o Tesouro pagou ainda 260 milhões de euros ao Ministério da Agricultura para ações de poupança de água e eficiência energética no sector. Só em fevereiro de 2024, os pagamentos do Tesouro espanhol ascendiam a 833,1 milhões face aos 80,4 milhões registados no período homólogo.

Com esta despesa marcante em fevereiro, a imprensa espanhola adianta que em março se deverá verificar a transferência dos 200 milhões de euros, de forma a cobrir a diferença até aos 700 milhões para a aquisição de mais ações.

O objetivo do Governo de Pedro Sánchez é que a SEPI fique com 10% das ações da Telefónica, numa operação que ficou decidida em dezembro. Apesar de pretender aumentar a sua presença na operadora, tudo se complicou após a recusa de elaboração das contas públicas para este ano, razão pela qual o Ministério das Finanças teve de recorrer a verbas do Orçamento do Estado de 2023 (prorrogado este ano) para dar entrada na Telefónica.

Porquê 10%?

Este não é um número redondo atirado ao acaso. O Conselho de Ministros espanhol ordenou que a SEPI realizasse a aquisição de 10% do capital da Telefónica. A razão? Ser o principal acionista da empresa, ultrapassando os sauditas da Saudi Telecom Company (STC), que querem comprar 9,9% dos títulos da operadora.

Até agora, a STC, controlada pelo fundo soberano da Arábia Saudita adquiriu 4,9% da Telefónica. Agora, para ultrapassar os 5%, a operadora saudita tem de receber a aprovação do próprio Governo espanhol devido o carácter estratégico da Telefónica na segurança e defesa nacional.

Regresso do Estado… 26 anos depois

Com a SEPI a tornar-se proprietária de 3,04% da operadora espanhola, isto significa o regresso do capital público à empresa cerca de 26 anos após a privatização.

A compra faz com que o Estado de Espanha passe a ser o quarto acionista da Telefónica, logo depois da STC, do banco BBVA, do Criteria Caixa e CaixaBank, bem como da BlackRock. A Assembleia Geral de acionistas da Telefónica está agendada para o próximo dia 12 de abril e será esperado que o Estado sente alguém no Conselho de Administração.

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