A denúncia de que existe tráfico humano nas plataformas de TVDE a operar na zona da Grande Lisboa, e a envolver motoristas vindos de países como o Bangladesh, Nepal, Paquistão e Afeganistão, foi feita esta semana por Ângela Reis, presidente da Associação Nacional Movimento TVDE (ANM-TVDE), em entrevista exclusiva ao JE.
“Há tráfico humano” nos TVDE em Lisboa. Responsável associativa denuncia ilegalidades no sector
“Há algo que está a acontecer na região da Grande Lisboa, porque temos muitos motoristas vindos de países como o Bangladesh, Nepal, Paquistão, Afeganistão, que estão cá há duas semanas e já conduzem viaturas TVDE, ou seja, têm licenças que não são deles”, denunciou Ângela Reis, em declarações ao JE.
Dos partidos contactados pelo JE a propósito deste tema, apenas o Chega admitiu estar a par desta situação. Ao JE o deputado do Chega, Filipe Melo, assegurou que o partido está efetivamente a par da situação. “Estamos completamente por dentro do que se está a passar em relação a essas pessoas que vêm de vários pontos e que estão a ser alegadamente explorados por portugueses e não só”.
“Tememos que haja aqui efetivamente uma rede que esteja a explorar estes seres humanos”, sublinhou, acrescentando que esta é uma situação que preocupa muito o partido “porque estamos a falar de emigração ilegal, estamos a falar de graves problemas de segurança”.
Na perspectiva do Chega a solução passa por uma maior fiscalização, mas não só. “Entendemos que esta certificação deve passar por um organismo do Estado”. De recordar que esta sexta-feira foi a debate uma proposta do Chega sobre TVDE e entre as sugestões, o partido liderado por Ventura propõe que os condutores dominem “a língua portuguesa, pelo menos na vertente oral”.
Na Iniciativa Liberal, o deputado Carlos Guimarães Pinto referiu que o partido já tinha tido “algumas conversas sobre estas questões, mas obviamente não falamos de casos específicos em que isso tenha acontecido”. “Tanto quanto sabemos são apenas suspeitas, não temos casos específicos”, referiu.
Embora a Iniciativa Liberal não conheça a profundidade do que se está a passar nos TVDE, Carlos Guimarães Pinto disse que o partido condena “qualquer ilegalidade que esteja a ser cometida”. “O que se tem de fazer é combater esta ilegalidade. Não se vai passar de um processo que até funciona relativamente bem para um processo mais burocratizado”, considerou.
Assim sendo, a IL defende que devia existir “fiscalização”. “Não podemos entrar em especulações porque não conhecemos quantos casos são exatamente, mas devia decorrer uma maior fiscalização nesses centros”, frisou.
Por sua vez, Márcia Passos, do PSD, referiu que o partido “não tinha conhecimento de nenhuma dessas situações”. “Estou a ouvir isto pela primeira vez e desconheço em absoluto”, afirmou depois do Jornal Económico ter descrito as situações relatadas em exclusivo pela presidente da ANM-TVDE. À esquerda, o PCP escolheu não se pronunciar para já.
Da parte da Associação, Ângela Reis explicou que há três semanas falou com os partidos sobre o sucedido de forma sucinta. Descreveu que o seu colega mencionou as diferenças entre táxis e TVDE e que lhe restaram dois minutos para deixar um alerta sobre o que se tem passado com os motoristas. “Até a presidente do plenário me agradeceu e pediu para fazer uma denúncia, à qual eu disse que já tinha feito”, recordou.
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