A 24 de abril, sexta-feira, foi para o ar a segunda aula de “Estudo em Casa” de História e Geografia de Portugal do 5º e 6º ano. O tema versava sobre a expansão marítima do século XV e a manutenção do império global no século XX e gerou de imediato alguns comentários nas redes sociais, apesar de não terem gerado a carga mediática que se iria fazer sentir no início desta semana.
Esta segunda-feira, o eurodeputado Nuno Melo criticou Rui Tavares realçando que o fundador do partido “Livre” “tinha sido escolhido para a tele-escola” e que “a tele-escola escolheu para o ensino de alunos, a opinião de um político no activo, com uma visão profundamente ideológica na matéria em causa, longe de ser maioritária. É errado e sem senso”.
Entre tantos, Rui Tavares foi escolhido para a tele-escola, destilando ideologia e transformando alunos em cobaias do socialismo. Nem disfarçam. Uma aviltante e ignóbil revolução cultural em marcha que pais sem recursos não podem evitar. Política travestida de educação.Miséria pic.twitter.com/r0mcnEC9s2
— Nuno Melo (@NunoMeloCDS) May 4, 2020
Depois de Nuno Melo ter dado o ‘tiro de partida’ para esta polémica, foi o seu próprio partido, o CDS-PP, a pedir explicações ao Governo sobre a “escolha dos professores do projeto #EstudoEmCasa”, realçando que a aula de História tinha sido “parcialmente dada pelo historiador e político Rui Tavares, fundador do partido Livre e publicamente reconhecido como seu líder e porta-voz”.
A reação de Rui Tavares às críticas de Nuno Melo e do CDS-PP não se fez esperar. O fundador do “Livre” negou que alguma vez tivesse dado aulas na telescola e que tivesse apresentado uma visão deturpada do regime de Salazar, apresentando argumentos do “regime, oposição e observadores externos”.
Eu não dei aulas na Telescola! As professoras da telescola decidiram usar um episódio de um programa meu. Está aqui, veja por si se não equilibra e contextualiza os argumentos de regime, oposição e observadores externos https://t.co/0UOlqi5HBX
— rui tavares (@ruitavares) May 4, 2020
Neste tweet, Rui Tavares disponibilizou o link para o episódio 14 do programa “Memória Fotográfica” dedicado à Exposição do Mundo Português e com duração de 5 minutos, transmitido originalmente a 16 de dezembro de 2018 na RTP. “Numa Europa em guerra, Portugal destaca-se por se manter fora desse conflito, e dedica-se a criar a exposição do Mundo Português, em Belém. Uma espécie de propaganda num “paraíso claro e triste””, pode ler-se na sinopse do programa.
Ainda na segunda-feira, foi a vez de David Justino, vice-presidente do PSD, sair em defesa de Rui Tavares qualificando o “alarido” de “desonesto, manipulador e próprio de uma direita trauliteira sem escrúpulos”.
Basta rever a “aula” para perceber que o alarido é desonesto, manipulador e próprio de uma direita trauliteira sem escrúpulos. Eu não teria a paciência do @ruitavares para responder a estes ataques. Por muito que discorde dele, neste caso tem toda a razão. https://t.co/BZJ687mkCW
— David Justino (@jdjustino) May 4, 2020
A polémica gerou tal burburinho nas redes sociais que o Governo foi obrigado a reagir oficialmente. Num esclarecimento remetido ao jornal “Expresso”, o Ministério da Educação garantiu que Rui Tavares “não é professor do projeto #EstudoEmCasa” e que o recurso aos conteúdos da RTP é prática corrente neste e nos outros anos letivos.
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