O Presidente norte-americano, Donald Trump, comparou aos seus processos judiciais à condenação de Marine Le Pen, líder histórica da extrema-direita francesa, por desviar fundos do Parlamento Europeu, com uma sentença de inelegibilidade imediata de cinco anos.
“Parece o nosso país, parece-se muito com o nosso país”, disse Donald Trump à imprensa na Casa Branca na segunda-feira.
Para o Presidente norte-americano, o caso de Marine Le Pen “é muito importante”.
Declarado culpado no estado de Nova Iorque por pagamentos ilegais a uma ex-atriz pornográfica, Trump tornou-se o primeiro condenado a chegar ao cargo de Presidente norte-americano.
Foi investigado em vários outros casos, mas estes caíram com a sua eleição, nomeadamente o de interferência eleitoral após a sua derrota em 2020, que culminou no assalto por apoiantes seus ao Capitólio.
O protocolo do Departamento de Justiça dita que chefes de Estado em funções não devem ser investigados, pelo que a vitória eleitoral de 2024 significou também uma vitória judicial para Trump, que além do processo por interferência eleitoral era acusado de desviar documentos confidenciais.
Este caso envolveu uma busca da agência federal de investigação criminal (FBI) em 2022 à sua propriedade de Mar-a-Lago, Florida.
Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi condenada na segunda-feira pelo Tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100.000 euros e a cinco anos de inelegibilidade, a cumprir imediatamente e aplicados mesmo em caso de recurso.
A potencial candidata presidencial da RN e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
Antes das declarações de Trump, o Departamento de Estado considerou “particularmente preocupante” a “exclusão de candidatos do processo político”, reagindo à sentença de Le Pen.
“A exclusão de indivíduos do processo político é particularmente preocupante, dada a guerra judicial agressiva e corrupta que está a ser travada contra o Presidente Donald Trump aqui nos Estados Unidos”, disse aos jornalistas a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.
Questionada durante um briefing no Departamento de Estado, Bruce escusou-se a comentar diretamente a condenação de Marine Le Pen, mas afirmou que “é necessário fazer mais no Ocidente para defender os valores democráticos”.
Recordou ainda o discurso do vice-Presidente norte-americano em fevereiro na conferência de Munique, em que JD Vance apoiou abertamente aos pontos de vista dos partidos populistas europeus.
“Em toda a Europa, a liberdade de expressão, receio, está a recuar”, afirmou Bruce.
Bruce contestou mesmo a descrição que um jornalista fez de Le Pen como sendo de “extrema-direita”, afirmando que o termo poderia ser considerado “depreciativo”.
O Conselho Superior da Magistratura (CSM) francês manifestou hoje a sua “preocupação com as reações virulentas” perante a condenação de Marine Le Pen, considerando-as “suscetíveis de comprometer gravemente a independência do poder judicial”.
O papel do CSM é garantir a independência dos magistrados em relação ao poder executivo.
As reações a contestar a deliberação chegaram também de líderes europeus nacionalistas e de extrema-direita, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o líder da Liga italiana, Matteo Salvini, o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal.
Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita, Geert Wilders, considerou a decisão “incrivelmente dura”, e o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dimitri Peskov, disse que este desfecho no tribunal é uma clara “violação das normas democráticas”.
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