As receitas do box office dos mercados do Estados Unidos e do Canadá ainda estão à procura dos níveis atingidos no período da pré-pandemia, de acordo com os dados da Statisca. O presidente norte-americano, Donald Trump, quer avançar com tarifas de 100% a filmes produzidos no estrangeiro. Mas um professor da Universidade de Cornell alerta que 70% das receitas vem do estrangeiro pelo que o avançar desta medida poderia resultar em prejuízos avultados para o setor e provocar perdas de postos de trabalho.
Em 2024 as receitas do box office doméstico (que incluem Estados Unidos e Canadá) atingiram os 8,5 mil milhões de dólares uma quebra face aos 8,9 mil milhões de dólares do ano anterior.
Contudo estes valores ficam longe dos 11,3 mil milhões de dólares atingidos em 2019 e também dos 11,8 mil milhões de dólares de 2018, que representaram um máximo para o box office norte-americano e canadiano, conforme indicam os dados da Statisca.
Este dados até dão alguma substância à intenção do presidente norte-americano, Donald Trump, de avançar com tarifas de 100% a filmes que sejam produzidos no estrangeiro.
Recorde-se que no passado fim-de-semana Donald Trump considerou, na rede social Truth Social, que a indústria cinematográfica norte-americana “está a morrer muito rapidamente (…) Hollywood e muitas outras partes dos Estados Unidos estão devastadas”, acrescentando que “outros países estão a oferecer todo o tipo de incentivos para atrair os nossos cineastas e estúdios para longe dos Estados Unidos”.
Se os dados do box office doméstico até dão alguma razão a Trump por outro lado não levam em consideração o peso que os mercados internacionais possuem para a indústria norte-americana, em concreto Hollywood.
De acordo com o professor da Universidade de Cornell, Heeyon Kim, em 2024 os mercados internacionais tiveram um peso de 70% nas receitas do box office de Hollywood. “As tarifas e as prováveis medidas retaliatórias de outros países podem resultar em biliões (na denominação norte-americana) de receitas perdidas, impactando não só os grandes estúdios mas também milhares de trabalhos na produção, marketing e distribuição”, defende o professor universitário dedicado à área das indústrias criativas, onde se inclui o cinema, numa publicação que consta da página da universidade.
Heeyon Kim salienta que os estúdios de Hollywood frequentemente filmam no estrangeiro para beneficiar de “incentivos fiscais” e também de “custos mais baixos de produção”. O docente alerta que uma tarifa que abranja os filmes feitos no estrageiro pode “desencorajar filmagens nos mercados internacionais, aumentando os custos de produção, despesas que podem não ser compensadas por alternativas domésticas”.
O docente da Universidade de Cornell reforça que a indústria do entretinimento norte-americano é líder em termos globais, gerando biliões de dólares anuais em receitas, através da exportação de filmes, séries televisas e outro tipo de propriedade intelectuais. “Mas os cálculos de Donald Trump ao nível do défice tarifário geralmente ignoram estes serviços. Impor tarifas neste setor iria prejudicar uma parte próspera e competitiva, ao nível global, da economia norte-americana”.
Apesar das intenções de Donald Trump de avançar com tarifas aos filmes produzidos no estrangeiro ainda não se conhecem os detalhes desta medida. Isto acaba por ter algum relevo porque no limite teria impacto não só nas receitas, como também os custos, da indústria cinematográfica norte-americana tendo em conta que usam os mercados internacionais para rodar os seus filmes. Por exemplo a Austrália e a Nova Zelândia têm sido países que através da componente fiscal têm conseguido atrair produções cinematográficos para o seu território. Entre os filmes rodados nestes locais estão a chancela O Senhor dos Anéis e também filmes pertencentes à Marvel e também Godzilla vs Kong.
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