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Turquia: Oposição anuncia manifestações diárias até libertação do autarca de Istambul

“A partir de amanhã (segunda-feira), vamos reunir-nos às 20:30 (18:30 de Lisboa), tanto aqui em Istambul como em toda a Turquia, nas praças que serão anunciadas”, declarou o líder do CHP, Özgür Özel, perante uma enorme multidão concentrada pelo quinto dia consecutivo em frente à Câmara Municipal da cidade do Bósforo.
Turquia
23 Março 2025, 23h39

O maior partido da oposição turca, o social-democrata CHP, anunciou hoje manifestações diárias até à libertação do presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, hoje colocado em prisão preventiva por acusações de corrupção que os apoiantes consideram falsas.

“A partir de amanhã (segunda-feira), vamos reunir-nos às 20:30 (18:30 de Lisboa), tanto aqui em Istambul como em toda a Turquia, nas praças que serão anunciadas”, declarou o líder do CHP, Özgür Özel, perante uma enorme multidão concentrada pelo quinto dia consecutivo em frente à Câmara Municipal da cidade do Bósforo.

“Depois de consultar os outros partidos e grupos, vamos escolher uma praça, seja Saraçhan ou outra maior, vamos manifestar-nos e não pararemos até que o nosso candidato presidencial nos seja devolvido”, anunciou Özel.

Embora as eleições presidenciais estejam marcadas para 2028, a oposição pede a sua antecipação e considera que o processo judicial contra Imamoglu é uma manobra do atual Governo, chefiado pelo Presidente da República, Recep Tayyip Erdogan, para barrar o caminho do popular presidente da câmara até à Presidência.

Já na quarta-feira, quando Imamoglu foi detido sob as acusações de corrupção e cumplicidade com o terrorismo, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se em frente ao edifício da Câmara Municipal de Istambul, convocadas pelo CHP.

O número de participantes nas manifestações em massa tem vindo a aumentar de dia para dia, tendo no sábado ultrapassado os 50.000 e provavelmente os 100.000 hoje, apesar da proibição geral de protestos e marchas imposta pelas autoridades até à próxima terça-feira.

Também se realizaram protestos todos os dias no resto do país, especialmente em Esmirna e Ancara, onde a polícia voltou hoje a dispersar os manifestantes com cargas de gás lacrimogéneo, noticiou a estação turca NTV.

Uma das maiores estações de televisão do país, que mal tinha feito a cobertura dos protestos nos últimos dias, começou a transmitir imagens depois de Özel ter, no seu discurso de hoje, apelado aos seus apoiantes para boicotarem as estações televisivas que não noticiassem as manifestações, indicou o diário da oposição Cumhuriyet.

No seu discurso, Özel instou também os eleitores do AKP e do seu aliado, o ultranacionalista MHP, a juntarem-se aos protestos, sublinhando o desastre económico provocado pela detenção de Imamoglu, com a Bolsa de Istambul a cair a pique e o Banco Central a precisar de vender divisas para estabilizar a lira.

Embora não haja confirmação oficial da dimensão dos prejuízos, Özel garantiu que, em apenas três dias, o Banco Central teve de gastar 26 mil milhões de dólares (cerca de 24 mil milhões de euros) para evitar o colapso da moeda nacional.

O Banco Central da Turquia convocou hoje uma reunião com os diretores de vários bancos turcos para avaliar a situação, comprometendo-se a utilizar “de forma eficaz os seus instrumentos”, noticiou o diário económico Dünya.

Além disso, o Conselho dos Mercados de Capitais, um organismo oficial turco, anunciou também hoje medidas para impedir vendas especulativas a descoberto e prevenir novas quedas na bolsa.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês lamentou hoje a detenção do presidente da câmara de Istambul e de muitas outras personalidades, afirmando que tal “constitui um grave atentado à democracia”, e sublinhando que a Turquia se comprometeu a respeitar os direitos dos membros da oposição eleitos.

“O respeito destes compromissos é um elemento central das nossas relações e das relações entre a Turquia e a União Europeia”, sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Pascal Confavreux, recordando que, enquanto membro do Conselho da Europa e país candidato à adesão à União Europeia, “a Turquia assumiu livremente compromissos nessa matéria”.

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