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Uber: A plataforma que todos temem também está a sofrer várias ameaças

Motoristas, reguladores, concorrentes, fabricantes automóveis e gigantes tecnológicos são os grandes obstáculos à história de sucesso da Uber desde 2009.
26 Outubro 2016, 11h40

A Uber tem se redobrado em esforços para convencer a opinião pública e as autoridades das cidades em que está presente – 414 em 70 países, segundo as últimas estatísticas do grupo, que mantém um elevado ritmo de expansão geográfica – de que tem um impacto positivo para os passageiros e motoristas. No entanto, há um leque de iniciativas que pode desafiar este modelo, começando desde logo pela concorrência dos seus rivais diretos.

“A Uber cresceu até ser um gigante dos transportes em menos de uma década, mudando as regras do jogo e desafiando os protagonistas tradicionais. Mas cuidado com o contra-ataque. Na sua ascensão, a Uber gerou frustração, medo e inveja por parte de vários ‘stakeholders’ que estão prontos a lutar pelos seus territórios”, avisa o estudo da Fabernovel, a que o Jornal Económico teve acesso.

Uma das ameaças virá da parte dos próprios condutores ou motoristas, sendo um desafio a Uber mantê-los na sua rede com a concorrência acrescida que se espera. Sem eles, considerados um ‘calcanhar de Aquiles’, a Uber não vale nada; talvez por isso, a empresa esteja a avançar para o segmento dos carros autoguiados, em que os motoristas deixam de ter qualquer posição negocial.

Os reguladores são outra ameaça para a Uber. Ao contrário do que se prevê com a nova legislação em Portugal, agendada para novembro, por todo o Mundo os governos estão a ameaçar o modelo de negócio da Uber sendo a questão de um milhão de dólares saber por quanto tempo esta plataforma tecnológica ‘fora-da-lei’ poderá resistir à pressão da legislação em vários países.

Da parte dos concorrentes, surge outra frente de obstáculos, com protagonistas a atuar no mesmo terreno e decididos a travar o crescimento da Uber. Em primeiro lugar, o destaque vai para a recente aliança entre a Lyft, nos Estados Unidos, e a Didi, que promove 11 milhões de viagens diárias na China, para não falar de outros rivais como a Easy Taxi, Cabify, Chauffer-Privé, Ola ou Grab.

A diferenciação da oferta de mobilidade de passageiros, e mais recentemente também de mercadorias, através de outros modelos de transporte é outra ameaça ao crescimento da Uber identificada pelo estudo da Fabernovel. Entre estes casos, estão o ‘ride-sharing’ proporcionado pela Bla-Bla-Car ou os veículos inteligentes das fabricantes automóveis que estão a ser concebidos pela Tesla, General Motors (GM) ou Toyota, além da Volvo, em associação com a Uber. Estão previstas parcerias mais integradas, como a da Lyft com a GM, na qual se planeia a criação de uma rede de carros autónomos da GM gerida pela Lyft.

Os gigantes tecnológicos são outra ameaça ao futuro da Uber porque a Google, Amazon, Facebook e Apple, por exemplo, estão a investir de forma progressiva grandes somas de dinheiro para conquistar o mercado de transportes. Como diz o estudo da Fabernovel, “a guerra está apenas a começar…”.

Mas a Uber também está a defender-se. A empresa nascida em 2009, e que já assegura três milhões de viagens por dia em todo o Mundo, pode atingir um total de 200 milhões de utilizadores através das ‘apps’ dos seus parceiros, como a American Airlines, Starbucks ou Tripadvisor, entre outros.

Embora continue a apresentar prejuízos, em menos de sete anos de existência nos Estados Unidos a avaliação da Uber já superou a da GM, um fabricante de automóveis com 108 anos de vida, valorizando-se em mais de seis vezes a avaliação do mercado norte-americano de táxis e ‘limousines’ antes desta plataforma tecnológica ter surgido. Com mais de um milhão de motoristas em todo o Mundo, a Uber já conseguiu arrecadar mais de nove mil milhões de euros em marcações de viagens, num total de mais de mil milhões de deslocações asseguradas desde 2010. Um histórico que deverá ser a principal motivação para enfrentar as várias frentes de ataque.


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