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Ucrânia: encontro entre Putin e Trump ainda não é possível

A segunda ronda de negociações entre os dois países em guerra terá lugar esta segunda-feira em Istambul, com um possível encontro entre os dois líderes ainda no capítulo das suposições.
Vladimir Putin
Russian President Vladimir Putin speaks during a meeting with the president of the Central African Republic during the latter’s visit to Moscow, Russia, 16 January 2025.  EPA/EVGENIA NOVOZHENINA / POOL
2 Junho 2025, 07h00

Um possível encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo norte-americano, Donald Trump, requer entendimentos precisos e ainda não houve acordos específicos sobre eles, disse o assessor do Kremlin, Yury Ushakov, em declarações públicas. “Não, ainda não houve nenhum acordo específico nesse sentido. A ideia está claramente a ser pensada: pode acontecer uma reunião quando houvesse alguns resultados que possam ser discutidos em a um nível presidencial. Tal reunião exigiria entendimentos específicos”, explicou.

Ushakov descreveu as ligações telefónicas entre os dois líderes como um acontecimento importante. “Conversas por telefone são úteis”, disse. Uma reunião individual seria “um evento de grande escala que deveria produzir resultados significativos”, continuou Ushakov – para recusar prever quando exatamente pode acontecer essa reunião: “podemos especular que possa ser realizada, digamos, ainda este ano, mas, certamente, não é uma certeza que isso acontecerá”, concluiu.

Recorde-se que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já colocou como válida a hipótese de um encontro entre os dois presidentes, mas com um acrescento: a sua presença. Ora, as palavras de Ushakov, não parecem compreender essa possibilidade.

O tema não será, com toda a certeza, um dos que vai estar em debate esta segunda-feira em Istanbul, antiga capital da Turquia, quando delegações da Rússia e da Ucrânia voltarem a encontrar-se. A Rússia recusou deixar transparecer qual será o teor do memorando que diz ter preparado para a reunião – mas os analistas ocidentais avançam que deverá ter as cláusulas que Kiev se recusa a aceitar, como sejam a perda definitiva da Crimeia e dos quatro (ou cinco) oblasts do leste do país. Já o memorando proposto pela Ucrânia à Rússia inclui disposições para um cessar-fogo em terra, no ar e no mar, a ser monitorizado por parceiros internacionais, informou o ‘The New York Times’, citando uma alta autoridade ucraniana não identificada.

De qualquer modo, as expectativas são pouco elevadas: Donald Trump expressou frustração com a relutância da Rússia em fazer concessões e com os continuados ataques contra a Ucrânia nesta fase de abertura de encontros negociais – mas para já recusou impor sanções à Rússia. “Não há sinais de que a Rússia esteja disposta a considerar fazer qualquer concessão, e há todos os sinais de que a Rússia pretende continuar a avançar no campo de batalha para tentar tomar o controlo do máximo possível do território ucraniano”, disse uma analista citada pelo jornal ‘Kyiv Independent’.

Durante a primeira ronda de negociações em Istambul, a 16 de maio, os dois lados não conseguiram chegar a um acordo sobre um cessar-fogo de 30 dias. O único resultado concreto das negociações de Istambul foi uma troca de prisioneiros na proporção de 1.000 por 1.000, concluída em 25 de maio — a maior troca de prisioneiros durante a guerra.

A Ucrânia enviou a Istambul uma delegação chefiada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, a Istambul, enquanto a Rússia enviou uma delegação de baixo nível, liderada por um assessor de Putin, Vladimir Medinsky. Putin não compareceu às negociações, apesar do convite de Zelensky para o encontrar pessoalmente.

Entretanto, segundo a agência russa TASS, e de acordo com o Embaixador do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para os Crimes de Guerra de Kiev, Rodion Miroshnik, o lado ucraniano está a fazer todos os esforços para atrapalhar as negociações de paz e “impedir a procura de uma saída diplomática para o conflito”. Kiev está “a desestabilizar a situação” antes das negociações em Istambul, o que é inadmissível, disse Rodion Miroshnik. “Até agora, a Rússia elaborou um memorando em conformidade com os acordos alcançados em Istambul”, sendo de todo de evitar quaisquer movimentos que possam desestabilizar o encontro.

Dois acidentes de comboio nas regiões de Kursk e Bryansk, ocorridos um dia antes da segunda ronda de negociações, levantam sérias preocupações, continuou Miroshnik. Segundo disse, o lado ucraniano está a envidar todos os esforços para inviabilizar as negociações de paz. A Ferrovia Russa disse que um comboio de passageiros que ia de Klimov para Moscovo descarrilaram na região de Bryansk. O governador regional, Alexander Bogomaz afirmou que o comboio descarrilou após a explosão de uma ponte. No acidente terão morrido sete pessoas e 71 ficaram feridas. O outro acidente envolveu uma locomotiva e três vagões vazios de um comboio de carga, que descarrilaram depois que uma ponte ferroviária ter desabado no distrito de Zheleznogorsk, na região de Kursk – sem que haja notícias de danos pessoais.

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