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Ucrânia: Operadora ucraniana receia novo apagão na central nuclear de Zaporijia

“A degradação da central nuclear de Zaporijia, que está sob ocupação ‘russa’ desde 04 de março de 2022, está a agravar-se. A maior central nuclear da Europa está novamente à beira de um apagão”, disse a empresa.
Photo by Zaporizhzhia Nuclear Power Plant/Anadolu Agency via Getty Images)
23 Agosto 2024, 15h54

A operadora ucraniana Energoatom alertou hoje para o risco de um novo apagão na central nuclear de Zaporijia, depois de um bombardeamento russo ter danificado uma linha de energia que abastecia o complexo.

“A degradação da central nuclear de Zaporijia, que está sob ocupação ‘russa’ desde 04 de março de 2022, está a agravar-se. A maior central nuclear da Europa está novamente à beira de um apagão”, disse a empresa.

Segundo a Energoatom, os bombardeamentos russos de quinta-feira danificaram a linha elétrica PL-330kW que fornecia a eletricidade necessária para o funcionamento seguro da central.

Atualmente, apenas a linha PL-750kW fornece eletricidade da rede elétrica ucraniana à central, disse a operadora, citada pela agência espanhola EFE.

A empresa advertiu que se a última linha for danificada, poderá ocorrer uma “situação de emergência”, porque as bombas que arrefecem reatores e tanques de combustível deixarão de ter acesso a fontes de energia externas.

A central já sofreu oito interrupções totais e uma parcial, quando os mecanismos de segurança de emergência foram ativados e os geradores a diesel forneceram eletricidade até ser restabelecida a ligação às fontes de energia externas.

Embora nenhum dos reatores esteja a produzir eletricidade, o que permitiria mais tempo para reparações de emergência, cada apagão aumenta o risco de uma fuga radioativa, bem como o desgaste do equipamento, disseram especialistas ucranianos à EFE.

A falta de pessoal e a alta pressão sob a qual a central funciona, na presença de soldados russos, também aumenta o risco de erros humanos dispendiosos.

“A falta de pessoal competente, qualificado e licenciado, e a transformação da central numa base militar tornam impossível o funcionamento da central sem acidentes”, afirmou a Energoatom.

A empresa lembrou que uma das duas torres de refrigeração da central ardeu num incêndio recente.

O regresso da central ao controlo da Ucrânia e a retirada das tropas russas das instalações é a única forma de “restaurar a segurança nuclear e radiológica em todo o continente”, acrescentou.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, e a central de Zaporijia foi um dos primeiros alvos da ofensiva das tropas russas, que ocuparam o complexo.

Desde o início da guerra, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tem alertado regularmente para o risco de um acidente nuclear na central localizada no sudeste da Ucrânia.

Atualmente parada, a central de Zaporijia tem sido alvo de repetidos ataques, pelos quais a Rússia e a Ucrânia se têm responsabilizado mutuamente.

A AIEA alertou na segunda-feira para a deterioração da segurança da central, na sequência da explosão de um ‘drone’ perto do complexo.

“As centrais nucleares são concebidas para resistir a falhas técnicas e humanas e a eventos externos, mesmo extremos, mas não são construídas para resistir a um ataque militar direto”, disse na altura o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.

O chefe da agência da ONU especializada em energia nuclear, com sede em Viena, apelou então para a “máxima contenção” de todas as partes.

A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia.

O país registou o acidente mais grave de sempre numa central nuclear, a de Chernobyl, em 1986, quando integrava a União Soviética.

Chernobyl tem três reatores desativados e os destroços do que sofreu o acidente foram selados com um sarcófago.

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