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Vinhos: Uma viagem ao país em novos lançamentos

Este é um resumo o mais alargado possível dos novos lançamentos de vinhos já anunciados pelos produtores de uma dezena de regiões vitinícolas nacionais. Sugestões para aproveitar nos próximos meses.
19 Dezembro 2021, 20h00

Quando se chega à época natalícia, os produtores nacionais de vinho aprimoram-se e desdobram-se em propostas para os consumidores. Tentando fazer uma viagem pelo país, começando pelo norte, pela região dos Vinhos Verdes, a Quintas de Melgaço sugere diversas alternativas. Desde um pack Paixão, que inclui duas garrafas de Rosé QM e um Espumante QM Alvarinho Super Reserva; passando pelo pack Família, que contém um Alvarinho QM, uma garrafa do Homenagem QM e um Espumante QM Alvarinho Super Reserva. Um Alvarinho QM, um Alvarinho Vinhas Velhas QM e um Alvarinho Nature QM integram o conjunto Origem. Por fim, o pack Tradição oferece duas garrafas do Homenagem QM e uma do Espumante QM Alvarinho Super Reserva. A pensar nos brindes da noite de Ano Novo, a Quintas de Melgaço também criou um pack Celebração, com um Espumante QM Alvarinho Super Reserva e um Espumante QM Alvarinho Super Reserva Rosé.

Do Minho ao Douro
Passando do Minho para o Douro, a Niepoort propõe outro pack, o Great Douro Picks, composto por quatro vinhos. Inclui o Niepoort Tinta Amarela, o Bioma Tinto, o Redoma Reserva Branco e o Niepoort Vertente, uma interessante mostra das castas e das técnicas vinificadoras da região e deste produtor. A Montez Champalimaud está a lançar no mercado o Quinta do Côtto Vinha do Dote, um vinho de parcela, feito a partir de um field blend de mais de 30 castas autóctones do Douro. Deste terroir especial, marcado pela perfeita conjugação de fatores, como a boa exposição sul/poente, a altitude (140 metros) e o solo xistoso, surgiu a vontade de desenhar um vinho que refletisse, em toda a sua génese, e o património único de vinhas velhas da Quinta do Côtto, com uma idade média igual ou superior a 90 anos de idade. Segundo este produtor, o Quinta do Côtto Vinha do Dote 2017 preserva uma das melhores vindimas de sempre para o Douro. Cor rubi intensa, nariz sedutor e grande complexidade de aromas. Entre especiarias, notas vegetais e frutos silvestres, ergue-se com volume, taninos. maduros e muita frescura a equilibrar o conjunto. Final longo e persistente.

A Real Companhia Velha (RCV) é um dos maiores produtores de vinhos do Douro e do país. Lançou recentemente uma nova colheita daquela que foi a primeira referência de Alvarinho produzido nos vales durienses. Com origem na propriedade que lhe dá nome, o Quinta de Cidrô Alvarinho 2020 tem fermentação e estágio de seis meses em cubas de inox, com o objetivo de preservar a frescura e a elegância. Apresenta uma cor citrina levemente dourada, a denotar concentração. Um branco de aromas finos e delicados, onde se destaca a intensidade das notas citrinas e da flor de laranjeira, a contribuírem para a sua complexidade. Encorpado e fresco, revela, na boca, os sabores que se adivinham no aroma. Um Alvarinho longo e distinto, salientado por uma acidez estaladiça e uma saborosa mineralidade.

Outro produtor de referência do Douro é a Quinta de Ventozelo. Em março, lançou a primeira edição da gama Douro Duet Collection, com a dupla Quinta de Ventozelo Syrah Unoaked 2019 e Quinta de Ventozelo Syrah Oak Matured 2018. Desde há dias, nas principais garrafeiras do país é possível aceder à segunda edição desta Douro Duet Collection, com dois vinhos de duas das suas mais emblemáticas parcelas: Vinha do Colmeal Touriga Nacional e Vinha da Serra Touriga Franca, ambas de 2019. Duas parcelas distintas, de onde foram selecionadas duas castas de referência, com dois estilos únicos que materializam num estojo todo o potencial da diversidade do terroir daquela quinta.

Num plano diverso, surge a Duplo PR, uma empresa de consultoria enológica focada em desenvolver serviços técnicos e especializados na região vinícola do Douro, que comemora este ano o seu 20º aniversário de trabalho na área. Composta atualmente por uma equipa de quatro profissionais – António Rosas, Flávia Batista, Raquel Veiga e Filipa Pizarro – dedica-se ao acompanhamento técnico dos clientes, que vai desde a definição das datas de vindima até ao engarrafamento do vinho. A sua maior motivação é ajudar a concretizar o sonho de pequenos produtores de fazerem o seu próprio vinho, pelo que as atividades da empresa se destinam a apoiar pequenas empresas e negócios familiares de vinhos de Quinta sem equipas fixas de enologia. A par da consultoria, a Duplo PR também produz os seus próprios vinhos de autor. Há poucos dias, surgiram no mercado as edições de 2PR Colheita Branco 2019 e de 2PR Tinto 2019. O primeiro é oriundo de uma vinha nova plantada em altitude, com exposição sul. De baixa produção, e unicamente com as castas autóctones altamente recomendadas no Douro para produção de vinhos brancos: Viosinho, Gouveio e Rabigato. Cor amarela cítrica. Extremamente perfumado, com aroma a fruta branca e ligeira flor de laranjeira. Na boca, é envolvente, com boa frescura no palato, terminando com mineralidade. Sugestão de serviço entre os 10ºC e os 12ºC. Quanto ao 2PR Tinto 2019, provém de uma vinha com aproximadamente 25 anos. De baixa produção, e unicamente com as castas autóctones do Douro – Touriga Nacional (70%) e Tinta Roriz (30%), apresenta cor rubi carregada e aroma concentrado de fruta madura vermelha, com elegantes notas especiadas. Na boca, é envolvente, com boa frescura no palato, de fruta evidente, taninos aveludados, terminando agradavelmente longo e evidenciando versatilidade gastronómica. Sugestão de serviço entre os 16ºC e os 18ºC, com decantação prévia. Sujeito a criar depósito. Nesta casa, o final de 2021 é também marcado pelo lançamento de uma colheita que assinala dez anos do projeto pessoal de Filipa Pizarro, o ITER (viagem, em latim) 10 Years Celebration Tinto 2017.

Bairrada, Beira Interior e Dão
Desçamos do Douro até à Bairrada, terra de espumantes de excelência, responsável por mais de 50% da produção deste segmento em Portugal. No recente Concurso de Espumantes Bairrada 2021, realizado a 12 de novembro, os grandes vencedores foram o Borga Bruto Branco 2010, do produtor Campolargo Vinhos, e o Íssimo Baga Bairrada Bruto Branco 2016, das Caves Arcos do Rei. Propostas para as festividades que se aproximam.

Mais longe do Atlântico, da Beira Interior, surge-nos o Cascale Orange 2020, a mais recente invenção de Hélder Cunha, um dos mais profícuos winemakers do país. Este Beira Interior DOC é de 2020, estreme da casta rainha da região, a Síria. É um vinho vegan, o que é distinto de ser biológico. Os vinhos vegan, de que Hélder Cunha é um dos pioneiros a fazer com certificação em Portugal, ao contrário dos biológicos, não usam proteína animal no processo de clarificação. No nariz, encontramos notas de frutos secos, canela, compota de figo e erva doce. Na boca, tanino aveludado, grande volume de boca, balanceado com acidez muito elegante, e um final persistente e fresco. O vinho natural Cascale Orange 2020 deve a sua cor âmbar ao tipo de vinificação. As uvas são desengaçadas e esmagadas diretamente para a cuba, onde a fermentação se iniciou espontaneamente. Durante 12 dias, fica em contacto com as películas, a macerar, tal como se de um vinho tinto se tratasse. Hélder Cunha assinala ainda que se trata de um vinho de intervenção mínima, criado a partir de uvas de produção biológica certificada, com vindima manual e sem qualquer adição de sulfuroso.

No Dão, a Quinta de Lemos sugere-nos dois packs de três garrafas: um com três garrafas de Dona Santana, colheitas de 2007, 2008 e 2012; e outro com garrafas de Quinta de Lemos Touriga Nacional 2012, Dona Paulette 2012 e Nélita 2019.

Tejo e Lisboa
Descendo até ao Tejo, da região do mesmo nome, a Quinta da Alorna propõe-nos meia dúzia de opções. O Quinta da Alorna Tinto 2019 é produzido com as castas Castelão, Tinta Roriz, Syrah e Alicante Bouschet. As combinações destas castas conferem-lhe uma experiência ímpar. Aroma com sugestão de fruta vermelha madura e notas de chocolate. Na boca, com taninos redondos, primando pela simplicidade. Disponível em garrafas de 0,75cl e de 1,5l. Depois, chegam os Reserva. Primeiro, o Quinta da Alorna Reserva Arinto & Chardonnay 2020. Aroma complexo de fruta fresca e citrina do Arinto, associado à fruta madura e notas fumadas do Chardonnay, fazem com que este vinho seja definido pelo produtor como “uma explosão de aromas”. Boa estrutura e equilíbrio entre a acidez e frescura do Arinto com a maturação do Chardonnay e a elegância que a madeira lhe confere. O final de boca é intenso e muito persistente. Por seu turno, o Quinta da Alorna Reserva Touriga Nacional & Cabernet Sauvignon evidencia aromas florais e a frutos vermelhos da Touriga Nacional, combinados com as especiarias típicas do Cabernet Sauvignon. É um vinho intenso com final de boca persistente, disponível nas versões 0,75cl e 1,5l. Passemos aos Marquesa de Alorna Grande Reserva. Primeiro, o branco, de 2017. Aroma fino e elegante, com notas de lima, pera e marmelo. A madeira muito bem integrada, vai-se revelando lentamente através de frutos secos e especiarias. A boca seduz inicialmente pela forte explosão de fruta, passando pela cremosidade e acabando com uma frescura superior. Passou por um estágio de oito meses com bâtonnage. Três possibilidades: versão 0,75cl, versão 1,5l com caixa de madeira e versão caixa de madeira com três garrafas de 0,75cl. Depois, o Marquesa de Alorna Grande Reserva Tinto 2016. Aroma intenso, sobressaindo notas florais e fruta bastante madura, envolvidas por chocolate e pimenta branca. A boca elegante e viva é complementada por taninos finos, bem integrados, onde se sentem as notas aromáticas. Os 14 meses de estágio em barricas de carvalho francês conferem-lhe um final longo e distinto. Está disponível na versão 0,75cl, versão 1,5l com caixa de madeira e ainda em versão magnum de três litros.

Também no Tejo, o Cabeça de Toiro, da Enoport, lançou há dias uma edição especial comemorativa dos 25 anos de existência que esta marca icónica está a celebrar em 2021. Um portentoso tinto que resulta das castas Touriga Franca (60%), Cabernet Sauvignon (20%) e Alicante Bouschet (20%). Uvas colhidas em momentos diferentes, no seu perfeito estado de maturação e vinificadas cuidadosa e lentamente na adega. De aroma complexo e intenso a especiarias e notas vegetais, bem estruturado e potente, apresenta grande capacidade de envelhecimento. Limitado a 4.273 garrafas, este vinho estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e 12 meses em garrafa.

Ali perto, na região de Lisboa, a Quinta de São Sebastião acaba de lançar o seu primeiro DOC Arruda, de 2019, gerado pelas castas Touriga Nacional e Tinta Roriz em vinhas maioritariamente de encosta, ao alto. A vinificação decorreu em processo de curtimenta clássica, curta. Estágio de 40% em barricas francesas de 2ª e 3ª utilização. É um vinho de cor média, com fruta fresca, em harmonização com alguma especiaria e notas de caixa de charuto. Na boca, é muito suave, fresco, elegante, é fácil de cativar. Deve servir-se entre os 16ºC e os 18ºC. A Outra novidade deste produtor é o Dona Aninhas Reserva Rosé 2020, gerado por uma vinificação de uvas de diversas castas produzidas nas zonas mais frescas e de maior altitude. Uvas apanhadas cedo, de forma a manter toda a sua frescura e componente aromática. Início de fermentação em inox, seguida de fermentação e estágio em barricas de carvalho usadas de carvalho francês, com bâttonage nos primeiros meses. Engarrafamento direto da barrica. Vinho de cor salmonada muito clara, mas muito complexo, com notas especiadas, de chocolate branco e de pêssego. Na prova, é muito estruturado e texturado, seco, mas com grande frescura e mineralidade. Servir entre 10ºC e 12ºC.

Península de Setúbal e Alentejo Atravessando o rio Tejo para sul, entramos na região da Península de Setúbal. Criada no Poceirão em 1950, a Filipe Palhoça fez chegar há pouco tempo ao mercado toda uma gama de vinhos elaborados pelo enólogo Jaime Quendera, em várias referências. São Filipe Branco (Fernão Pires, Arinto e Síria), São Filipe Rosé (100% Castelão) e São Filipe Tinto (Castelão, Syrah e Cabernet Sauvignon) são algumas das opções, mas também o Filipe Palhoça em diversas alternativas monovarietais – Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Verdelho e Chardonnay. Na referência Quinta da Invejosa, dois DOC Palmela, um branco (Fernão Pires e Verdelho em doses iguais), e um tinto monocasta Castelão, além de um Reserva Tinto, também 100% Castelão, mas em vinhas velhas. Sob a chancela Vinhas da Invejosa, um outro Reserva Tinto com as castas Castelão, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet. Nos espumantes, o Filipe Palhoça Branco Brut Nature (100% Moscatel Galego Roxo), o Filipe Palhoça Branco Meio-Seco (100% Moscatel Galego Roxo), e o Filipe Palhoça Rosé Brut-Nature (50% de Moscatel Galego Roxo e 50% de Castelão).

Na região de Palmela, a Casa Ermelinda Freitas está sempre na crista onda vitivinícola nacional, como se provou no recente Concurso Melhores da Região, organizado pela CVRPS – Comissão Vitivinícola da Região da Península de Setúbal, onde ganhou o prémio de ‘Melhor Vinho Branco’ com o Terras do Pó Chardonnay & Viognier 2017. Outras sugestões de produções muito recentes incidem nas medalhas de ouro ganhas por este produtor no referido concurso: Dona Ermelinda Reserva 2019, Vinha da Valentina Premium, Valoroso Reserva 2019, Casa Ermelinda Freitas Alicante Bouschet Reserva 2019, Casa Ermelinda Freitas Gewurtztraminer 2018, Tulipa 2020 e Vinha do Torrão 2020.

Na grande região do Alentejo, em Montemor-o-Novo, a Quinta da Plansel, coordenada por Dorina Lindemann, propôs-nos no verão um pack de seis vinhos: DL (Dorina Lindemann) Branco 2020, DL Rosé 2020, DL Tinta Barroca 2017, Plansel Branco 2020, Plansel Rosé 2020 e Plansel Verdelho 2020. No entanto, a nota de destaque vai para o topo de gama desta produtora, com apenas alguns dias de vida no mercado: o Plansel Grande Escolha 2016, um blend de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca. Fermentação lenta em barricas de 200 litros, seguida de um estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês. Carlos Ramos, enólogo da Quinta da Plansel, assinala “as notas muito expressivas dos frutos vermelhos, os aromas a compotas, especiarias e tragos balsâmicos”. “É um vinho vivo e forte, mas ao mesmo tempo elegante”, conclui.

Da Casa Relvas, em São Miguel de Machede, surge uma proposta diferente, um pouco contra a corrente. Produzido a partir das castas Alicante Bouschet, Touriga Franca e Trincadeira, plantadas em solos argilo-calcários da Vidigueira, já está disponível o DE.ZAS.SE.TE, que assim se chama por ter 17º. Este vinho de elevado grau estagiou nove meses em tonéis de três mil litros. A produção foi de 10 mil garrafas. “Ainda não tínhamos conseguido encontrar o equilíbrio e estrutura que estes vinhos precisam, mas em 2020 conseguimos. Foi um ano difícil no Alentejo, mas o verão quente e seco e as noites frias e secas durante a maturação, permitiram-nos preservar a acidez e atingir níveis de maturação fenólica bastante equilibrados, muito necessários em vinhos com este perfil”, explica Alexandre Relvas, CEO da Casa Relvas.

Por sua vez, João Portugal Ramos, reconhecido produtor de Estremoz, lançou há dias uma edição limitada a 1.953 garrafas do vinho Estremus, que resulta de uma vindima precoce, num dos anos mais quentes e secos das últimas décadas. O inverno quente e quase sem chuva, seguido de uma primavera fria e igualmente seca, levou as plantas a um stress hídrico, dando origem a uvas de muita concentração e de grande qualidade. A vinha que inspirou o Estremus foi plantada há 20 anos, numa pequena parcela de 1,5 hectares que envolve o Castelo de Estremoz. Elevada e completamente desprotegida das adversidades climatéricas. Foram escolhidas duas castas que melhor se adaptam às condições deste clima e solo e melhor identificam a região – Trincadeira e Alicante Bouschet, plantadas numa proporção de 50% cada.

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