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Vem aí a nova sociedade que vai controlar a “TSF”, o “DN” e o “Jornal de Notícias”

Os credores da Controlinveste, Millennium bcp e Novo Banco acordaram o lançamento de uma nova sociedade que reúne as participações detidas pelas empresas de Joaquim Oliveira na Global Media, cuja posterior venda permitirá que os bancos presididos por Miguel Maya e António Ramalho possam recuperar parte dos 548 milhões de euros perdidos na Controlinveste.
17 Fevereiro 2019, 13h16

Resolvida a situação de insolvência da Controlinveste – a holding do empresário Joaquim Oliveira que se “afundou” com uma dívida de 548 milhões de euros -, e eis que o sector da comunicação social aguarda o lançamento da nova sociedade que nascerá da Olivedesportos, fruto de um acordo com a banca credora. Tudo indica que a nova sociedade poderá ser designada Olivemedia, como já referiram o “Correio da Manhã” e o “Dinheiro Vivo”. A Olivemedia deverá gerir as posições que a insolvente Controlinveste detinha nos negócios da Global Media, entre os quais a “TSF”, o “Diário de Notícias” e o “Jornal de Notícias”.

Os bancos credores da Controlinveste – o Millennium bcp e o Novo Banco -, presididos, respetivamente, por Miguel Maya e António Ramalho, terão de reportar imparidades com a situação de insolvência da Controlinveste e deverão constituir provisões, conquistando em contrapartida direitos nas sociedades Sport TV e Olivedesportos que poderão alienar posteriormente para recuperarem dinheiro.

Assim, para permitir que os bancos recuperem algum dinheiro perdido na dívida total de 548 milhões de euros da Controlinveste, serão mantidas “estáveis” as atividades da Olivedesportos e da Cosmos Viagens, bem como as participações de 25% na Sport TV e de 19,25% no grupo GMG – Global Media Group, detentor do “Dinheiro Vivo”.

Recorde-se que o antigo acionista da Portugal Telecom, Joaquim Oliveira – que detinha 2,26% da PT em 2006 – concretizou a 11 de fevereiro uma decisão que era tida como inevitável no sector da comunicação social: nesse dia deu entrada no tribunal um pedido de insolvência da Controlinveste.

Esta notícia correu depressa, sendo difundida primeiro pelo “Correio da Manhã” e pelo “Expresso”, e depois pelo “Público” e pelo “Dinheiro Vivo”. Ao todo, as dívidas da Controlinveste, que ascendem a cerca de 548 milhões de euros, estão repartidas em 406 milhões de euros pelo Millennium bcp e em 142 milhões de euros pelo Novo Banco, que são os dois principais bancos credores.

A etapa seguinte será obter uma declaração de insolvência e proceder à liquidação da sociedade de controlo de participações sociais de Joaquim Oliveira, pondo fim a um projeto de comunicação social em que o empresário foi acompanhado profissionalmente pelos filhos (que foram administradores) e pelo seu amigo de longa data, João Viegas Soares – sportinguista e santanista.

Desta forma, a Controlinveste – que foi detentora de títulos históricos como o “Diário de Notícias” -, chegou ao fim da linha depois de ter virado a página a quatro anos de negociações com os bancos, que confirmaram a impossibilidade de cobrarem a quase totalidade da dívida de 548 milhões de euros, tentando recuperar uma ínfima percentagem às empresas de Joaquim Oliveira que se mantiveram acima da linha de água.

A derrocada financeira da Controlinveste foi mais uma consequência trágica do desmantelamento do Grupo PT, onde Joaquim Oliveira (detentor de 2,26% do capital) emitiu em 2010 um empréstimo obrigacionista convertível em ações da PT. A gota final foi a queda de 50% das receitas de publicidade a seguir à crise de 2008 e à entrada da troika em Portugal e o incumprimento obrigacionista de 900 milhões de euros da Rioforte, do antigo Grupo Espírito Santo.

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