Venda do EuroBic ao libanês Roger Tamraz pode não passar no crivo do BCE

As negociações de venda do EuroBic foram retomadas no passado dia 15 de setembro, depois de ter caducado o acordo de exclusividade com o Abanca. Esta sexta-feira, a SIC revelou que Isabel dos Santos terá assinado um contrato de promessa de compra e venda da sua posição de 42,5%  ao empresário libanês Roger Tamraz, dono da Netoil, um grupo internacional com interesses na área do petróleo e gás natural.

Segundo a SIC, Roger Tamraz, que está em Portugal há quase um mês, terá estado em duas reuniões no Banco de Portugal a apresentar a sua proposta de compra para o EuroBic. Em Portugal está a ser representado pelo banqueiro de investimento Jorge Tomé, ex-presidente do Banif e ex-administrador da Caixa, diz a SIC.

O Banco de Portugal tem de avaliar a idoneidade do comprador e a origem do dinheiro e enviar um parecer ao Banco Central Europeu que é quem tem de autorizar a compra de participações qualificadas de bancos na zona euro.

O Jornal Económico sabe que a proposta tem dificuldade em passar no supervisor bancário. Roger Tamraz já tem um banco na Letónia, o PNB Banka, mas tentou recuperar aquele que é o sexto maior banco daquele país europeu, através de um aumento de capital de 176 milhões de euros, segundo a imprensa internacional, e não terá tido aval do Banco Central Europeu, o que poderá não ser um bom sinal para a avaliação à idoneidade e origem de fundos que o BCE tem de fazer ao comprador do EuroBic.

A venda do EuroBic tem também de passar pelo procurador Rosário Teixeira e pelo juiz Carlos Alexandre, que têm em mãos a investigação Luanda Leaks. Os bens de Isabel dos Santos estão arrestados, pelo que qualquer verba deste negócio ficará à guarda dos tribunais.

O “Eco Insider” escreve, citando fontes próximas ao processo, que o Banco Montepio olhou para o EuroBic e que o tema já terá sido inclusivamente abordado por Pedro Leitão e Carlos Tavares, CEO e chairman do Banco Montepio, junto do acionista e da administração do EuroBic.