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VIC Properties quer entrar em bolsa no segundo semestre: “Vamos incluir Lisboa”

Luís Gamboa, COO da promotora dos projetos Prata Riverside e Matinha em Lisboa, diz ao JE que ‘listing’ vai ser também noutras bolsas com maior liquidez. Empresa poderá fechar “concretização de novas oportunidades”, também no primeiro semestre.
10 Fevereiro 2020, 08h03

A promotora imobiliária VIC Properties pretende entrar em bolsa no segundo semestre de 2020, num listing que deverá incluir Lisboa, mas também outras praças acionistas com maior liquidez, afirmou Luís Gamboa, chief operating officer (COO) da empresa que está a desenvolver dois projetos com 2.700 novas habitações na zona oriental da capital portuguesa.

“O timeline é para o segundo semestre deste ano”, referiu, em entrevista ao Jornal Económico. “Vamos incluir Lisboa, à partida, mas vamos incluir outras praças também, mais líquidas”.

A confirmar-se, será a segunda entrada de uma empresa do setor imobiliário este ano na bolsa portuguesa, após a espanhola Merlin Proporties ter feito, a 15 de janeiro, a estreia na Euronext Lisbon, num procedimento de dual listing  (cotação direta), ou seja, as ações que negoceiam em Lisboa são as mesmas que em quatro índices espanhóis, incluindo o IBEX 35.

Quesitonado sobre se será este o modelo a seguir pela VIC Properties, Luís Gamboa respondeu: “sendo a nossa génese também fora do país, faz todo o sentido que o façamos também noutras geografias, sem ser só aqui”.

Focada exclusivamente no mercado português, a VIC Properties foi criada em 2018 para a aquisição do seu primeiro grande projeto em Lisboa, o Prata Riverside Village. O comprador, um investidor austríaco cuja identidade não foi revelada, pagou em setembro desse ano 150 milhões para compra do projecto, que incluindo a construção deverá envolver um investimento total de 400 milhões de euros.

Em abril de 2019, a VIC Properties concluiu a emissão de 250 milhões de euros em obrigações convertíveis garantidas (secured pre-IPO convertible bonds) em Lisboa, numa operação que serviu também para preparar o caminho para a entrada em bolsa.

Em outubro desse ano a empresa apontou para o primeiro semestre de 2020 para se estrear como emitente de ações, mas o calendário indicativo foi agora alterado para a segunda metade do ano.

“Ainda não temos tudo fechado, mas durante este semestre teremos mais pormenores que poderemos avançar”, disse Luís Gamboa.

O COO adiantou que a empresa poderá também ter novidades sobre novos projectos este semestre. “Estamos a trabalhar em algumas oportunidades, umas mais adiantadas que outras, mas dentro do primeiro semestre ainda vamos ter mais algumas concretizações”.

Parque Ribeirinho já abriu

Em junho de 2019, a empresa anunciou que comprou os terrenos da Matinha, na freguesia de Marvila, em Lisboa, ao Novo Banco por 140 milhões de euros, tendo como objetivo a construção de mais de duas mil habitações.

“O próximo passo é a Matinha. Temos uma decisão favorável relativamente à primeira fase, temos uma licença para começar a descontaminar os solos na fase A”, disse o Luís Gamboa ao JE. “É uma oportunidade de tratar uma zona da cidade que está contaminada, depositar nos sítios certos e revitalizar com edifícios, jardins e pessoas”.

Em relação ao projeto ‘original’, o Prata Riverside Village, o COO explicou que um lote já está habitado, um segundo irá estar pronto em julho ou agosto, enquanto a construção de mais dois lotes começou recentemente e deve ser completada no primeiro semestre de 2021. A empresa prevê que os 12 lotes, que além de 700 apartamentos têm ainda vários espaços para restauração, retalho e escritórios, irão estar prontos em 2023.

“A comercialização está a correr bem, o lote 8 [que estará pronto este verão] está a cerca já 65% a 70% vendido, no lote 1 que está agora a começar temos cerca de 35% de reservas”, vincou Gamboa.

O COO falou ao JE dentro do Parque Ribeirinho Oriente, uma espaço em frente ao Prata Riverside e que foi inaugurado na passada sexta-feira, 7 de fevereiro.

O parque, entre outras obras, é uma contrapartida estabelecida pela câmara no Documento Estratégico de Monotorização da Zona Ribeirinha Oriental. Os promotores dos projectos nessa zona (Prata, Tabaqueira e Matinha) assumem os encargos financeiros das respectivas contrapartidas.

A VIC Properties, e as empresas que a antecederam na gestão do projecto do Prata, pagou ou executou obras previstas nessas contrapartidas, num valor superior a 3,8 milhões de euros. Desse valor, mais de 1,7 milhões, dizem respeito ao Parque Ribeirinho Oriente, segundo o JE apurou.

Luís Gamboa não falou dos valores, mas sublinhou que “é a infraestrutura mais importante para o projeto e para toda a planta da zona”.

“Foram enumeradas várias obras nesta área envolvente, não só o parque, e que incluem a reformulação da rotunda do prolongamento do Estados Unidos da América, da demolição do viaduto [que liga a Matinha à Expo]”, vincou o COO da VIC Properties.

O Prata Riverside Village e a Matinha, pagaram 28% e 70% respetivamente, e o projecto da Tabaqueira pagou 2%, adiantou Gamboa.

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