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Visão estratégica do turismo português não pode ser míope e a cinco anos, diz responsável do Lisbon Marriott Hotel

António Pinto assume que é preciso projetar um setor que é cada vez mais um vetor da economia portuguesa, e que por isso tem de haver “uma reflexão séria dos agentes” que estão à frente do turismo. Para combater a falta de mão-de-obra, a unidade hoteleira de Lisboa desenvolveu uma parceria com a Merytu, uma plataforma que agrega mais de mil empresas desta indústria e da qual já resultou a colocação de 150 trabalhadores.
8 Abril 2025, 07h00

Formar mais e pagar melhor para combater a falta de mão de obra são os pontos de partida para que o setor do turismo continue a crescer cada vez mais e a ser um dos principais vetores económicos do país. Para isso, a estratégia desta indústria deve ser pensada a longo prazo e não apenas nos lucros para as empresas. “Portugal tem de ter uma visão estratégica de turismo e não pode ser uma visão míope e a cinco anos. Não se pode querer lucros a dois anos; temos que projetar este importante setor de atividade económica com um planeamento a longo prazo”, afirma ao Jornal Económico António Pinto, diretor de recursos humanos do Lisbon Marriott Hotel.

Para António Pinto, o setor do turismo tem de ter agentes de mudança que não podem estar neste setor apenas pelo sentimento financeiro, económico, político ou de visibilidade. “Tem que ser mesmo alguém que tenha paixão por isto de uma forma séria. Não vejo isto a acontecer de outra maneira”, refere, acrescentando que é preciso apontar o dedo e estar também recetivo à massa crítica para que, efetivamente, as lideranças possam ser desafiadas.

“Não podemos só instalar-nos no poder e achar que somos os suprassumos sem contribuir para o bem-estar comum. Tem de haver uma reflexão séria dos agentes que estão à frente deste setor para percebermos, efetivamente, se queremos avançar ou não na área do turismo, e isso faz-se com pessoas”, salienta.

Para combater a falta de recursos humanos, o Lisbon Marriott Hotel estabeleceu uma parceria com a Merytu, uma plataforma que agrega mais de mil empresas ligadas ao turismo, hotelaria e restauração, da qual já resultou a colocação de 150 trabalhadores naquela unidade hoteleira.

“Já é um número extremamente significativo, tendo em conta que não é muito tempo de parceria”, refere o CEO, João Santos Silva, que considera que este é um processo de melhoria contínua, que serve também para desafiar as outras empresas de trabalho temporário do mercado a perceberem que, se não optarem por este caminho, vão perder espaço.

“O nosso processo baseia-se em níveis de performance que têm como consequência ganhar mais; ou seja, de acordo com o nível que atinjo, ganho mais e consigo abrir outros horizontes, outras oportunidades de trabalho, porque depois não temos qualquer preconceito ou condicionalismo ao recrutamento das pessoas que trabalham através de Merytu”, salienta.

O CEO explica que essa avaliação de performance e a estrutura do modelo tecnológico baseiam-se numa avaliação contínua e rigorosa da performance. “A cada serviço profissional existe uma avaliação de desempenho e um inquérito de satisfação que faz com que haja uma triagem de quem realmente tem mérito e quem não o tem”, explica João Santos Silva.

António Pinto esclarece que é através deste rating que depois se seleciona e avalia, fazendo um pré-recrutamento das pessoas com quem o hotel quer trabalhar, sem qualquer tipo de constrangimento ao nível da nacionalidade.

“Temos aqui 16 nacionalidades diferentes a trabalhar e não me recordo, no dia a dia, quando venho trabalhar, se estou em Portugal, na Bélgica ou na Alemanha. Adorava que as empresas que estão no mercado hoteleiro ao nível de trabalho temporário tivessem este tipo de visão. Aumentaria a oferta, a empregabilidade, a qualidade e, com isso, aumentaria o sucesso”, sublinha.

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