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Vladimir Putin visita a China ainda esta semana

A visita, marcada ‘em cima da hora’, visa tornar claro que os dois países têm uma estratégia de bipolarização estratégica global comum. O mundo está definitivamente partido em dois.
14 Maio 2024, 16h13

O presidente russo, Vladimir Putin, visitará a China ainda esta semana, anunciaram os dois países. Será a primeira viagem ao exterior no âmbito do novo mandato de seis anos de Putin e servirá para destacar o aprofundamento da parceria com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. Será também uma forma de sinalizar aos Estados Unidos e aos seus aliados que o mundo bipolar está cada vez mais na agenda internacional – o que pressupõe a evidência de uma nova divisão estratégica.

China e Rússia declararam uma parceria “sem limites” em fevereiro de 2022, quando Putin visitou Pequim poucos dias antes de enviar dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia. Desde então, os dois países têm vindo a realizar um processo de aproximação que se manifestou em vários tabuleiros – mas não, ao contrário do que os Estados Unidos chegaram a temer, através da participação direta da China na guerra da Ucrânia. Nestes dois anos, os Estados Unidos e seus parceiros – como ficou claro pelas palavras da líder da União Europeia, Ursula von der Leyen em Paris na semana passada – trataram de ’cavar’ o fosso com a China, o que incentivou o Império do Meio a manter e aprofundar a aliança com a Rússia.

“A convite do presidente chinês, Xi Jinping, Vladimir Putin fará uma visita de Estado à China em 16 e 17 de maio como a sua primeira viagem ao exterior após assumir o cargo”, disse o Kremlin esta terça-feira.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse em comunicado que os dois discutirão “laços bilaterais, cooperação em vários campos e questões internacionais e regionais de interesse comum”.

Será a segunda visita de Putin em pouco mais de seis meses à China, uma tábua de salvação económica para a Rússia depois de os países ocidentais imporem sanções por causa da ofensiva militar na Ucrânia. A China rejeitou as críticas ocidentais sobre os seus laços com a Rússia, mas a parceria económica e cooperação militar estão sob crescente escrutínio no Ocidente.

Putin e Xi Jinping partilham a visão de que o Ocidente está em declínio, ao mesmo tempo que a China desafia a supremacia económica e estratégica dos Estados Unidos em todos os domínios.

Durante a visita, Putin reunirá com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, para discutir a cooperação económica. Putin também visitará a cidade de Harbin, no nordeste do país, que tem fortes laços com a Rússia, para uma exposição de comércio e investimentos.

A deslocação a Pequim do líder russo visa evitar perturbações no apoio económico prestado pela China a Moscovo, observou a analista Alexandra Prokopenko num artigo publicado pelo jornal britânico “The Financial Times”.

“Um dos principais objetivos de Putin é encontrar formas de minimizar qualquer perturbação no apoio económico que a China tem dado ao seu regime, em dificuldades desde o início da invasão total da Ucrânia”, escreveu Alexandra Prokopenko, investigadora do grupo de reflexão Centro Carnegie Rússia-Eurásia, com sede em Berlim. O comércio entre China e Rússia registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros).

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