Stress no SVB Financial arrasta banca na Europa para quedas na bolsa. BCP recua 2,9%

As ações dos bancos estão em forte queda após o stress no SVB Financial e o BCP não é exceção que recua nesta altura 2,88% para 0,2226 euros por ação. É o título que mais cai no PSI, que ainda assim e apesar de estar a descer 0,63% compara bem com os outros índices das bolas da Europa onde as quedas superam 1% e se aproximam dos 2% de perda.

Isso mesmo descreve o analista do Millennium BCP Investment Banking, Ramiro Loureiro, que na análise nos diz que “os mercados europeus mantêm tendência negativa, penalizados pelos receios vividos ontem em Nova Iorque, onde os principais índices norte-americanos registaram quedas de quase 2% e as yields recuaram, com maior procura por refúgio por parte dos investidores, depois do Silicon Valley Bank ter tombado mais de 60% ao anunciar que irá fazer um aumento de capital para cobrir num valor superior à totalidade do seu resultado líquido em 2022, após ter vendido o seu portfólio de obrigações no valor de 21 mil milhões de dólares, que registava uma rentabilidade de apenas 1,8%. Este fraco retorno do portfólio gera receios sobre a capacidade da banca em expandir a rentabilidade como seria esperado num ambiente de elevadas taxas de juro”.

“Os receios penalizam assim o setor na Europa, que é o que mais recua no Stoxx 600, ao tombar na ordem dos 4%. Entre os bancos mais penalizados estão o Deutsche Bank, que recua mais de 7%, e o Santander e Unicredit, que recuam em torno dos 4%”, revela o analista que acrescenta que “por cá, o PSI segue em sintonia com os congéneres, penalizado pelo BCP que recua quase 3%”.

O Santander tomba 4,68%; o CaixaBank perde 1,60%; o BBVA está a cair 3,43%; o Sabadell desvaloriza 4,41%; e o Bankinter afunda 4,28%.

O alarme nos mercados soou depois do SVB Financial, que controla um banco especializado em “start ups” de Silicon Valley, ter anunciado um aumento de capital e revelado perdas acentuadas depois de ter alienado uma carteira de títulos de dívida para fazer face à retirada do dinheiro dos clientes.

As bolsas europeias arrancaram a sessão em forte queda, pressionadas fortemente pelo setor financeiro, com os investidores assustados com o impacto da crise num banco norte-americano de pequena dimensão.

Na Bolsa de Lisboa, a Semapa (-1,41%); a Navigator (-1,31%); a Greenvolt (-1,25%); e a Altri (-1,05%) são as ações que mais caem nesta altura.

A travar a queda do PSI estão as subidas das ações da EDP (+0,51%) e da EDP Renováveis (+0,10%), sendo estes, a par com a Jerónimo Martins e a Sonae os únicos títulos no verde.

“As perdas são transversais a quase todos os setores, com o de Utilities a ser a única exceção, devido à sua natureza defensiva”, segundo o analista da MTrader.

Na Europa o EuroStoxx 30 cai 1,58%. O FTSE 100 recua 1,80%; o CAC 40 desce 1,44%; o DAX perde 1,58%; o FTSE MIB cai 1,92% e o IBEX tomba 1,73%.

Nas empresas é de destacar a Leonardo que valoriza mais de 3,5% em reação a contas.

“Pelas 13h30m, os investidores irão focar-se no número de criação de emprego nos EUA, um dado importante para a FED na decisão de subida de taxas conforme reiterado no último discurso de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, no início desta semana, e que poderá ditar o sentimento após a abertura de Wall Street”, refere o analista do BCP.

O petróleo Brent cai 0,67% em Londres para 81 dólares o barril.

O euro valoriza 0,06% para 1,0587 dólares.

No mercado de dívida, as bunds alemãs caem 11,79 ponto base para 2,52%. Portugal tem também os juros a 10 anos em queda de 10,03 pontos base para 3,38%. Espanha idem com juros a recuarem 8,99 pontos base para 3,55%.