A Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP, que tem estado no epicentro da crise política que entretanto se instalou em Portugal (com a recusa de António Costa em aceitar a demissão de João Galamba contrariando as pretensões de Marcelo Rebelo de Sousa) continua e ainda faltam ouvir algumas personalidades.
Conheça quais os protagonistas que ainda vão ser ouvidos e as polémicas que podem trazer para cima da mesa.
Humberto Pedrosa, o ex-acionista
A 9 de maio vai decorrer a audição do empresário Humberto Pedrosa, na qualidade de ex-acionista da TAP e ex-administrador.
Humberto Pedrosa deixou a posição que tinha na TAP a 28 de dezembro de 2021, cinco anos depois de ter entrado na estrutura acionista da companhia aérea. Ao que se sabe, o empresário cedeu a sua posição ao Estado sem contrapartidas.
Em entrevista ao “Público”, aquando da sua saída, Humberto Pedrosa comparou a sua experiência na TAP “a quem adopta um filho que vive em extrema pobreza e em dificuldades de sobrevivência, o vê crescer, saudável e preparado para enfrentar o futuro que foi interrompido pela pandemia (covid-19)”.
A 21 de Abril, o “Correio da Manhã” avançou que o Governo alegadamente prometeu um “super prémio” a David Neeleman e Humberto Pedrosa.
Ramiro Sequeira, o ex-CEO interino
A 10 de maio irá acontecer a audição de Ramiro Sequeira, na qualidade de ex-CEO da TAP e ainda COO (Chief Operating Officer). De recordar que Ramiro Sequeira substituiu Antonoaldo Neves no cargo que ocupava desde 2018, na sequência do acordo entre o Governo e os acionistas privados para a reorganização do quadro societário da TAP – com a saída de David Neeleman.
A 21 de junho de 2021, aquele que na altura era presidente executivo interino da TAP, despediu-se dos trabalhadores do grupo sublinhando que a sobrevivência da companhia dependerá da “implementação rigorosa” do plano de reestruturação.
Em declarações à “Lusa”, o gestor admitiu que viveu “enormes, complexos e duros desafios nos últimos meses”. “Numa empresa que precisava de um rosto e liderança para avançar no contexto da pandemia, elaborar o plano de reestruturação, preparar a retoma e, não menos importante, manter em velocidade cruzeiro e em segurança o dia-a-dia”, referiu.
Lacerda Machado, o ex-administrador não executivo
A 11 de maio segue-se a audição de Diogo Lacerda Machado, na qualidade de ex-administrador Não Executivo.
Depois de ter saído em abril de 2021 da administração da TAP, o advogado que negociou a reversão da privatização da TAP para o Estado e que é amigo de António Costa tornou-se administrador da Euroatlantic a 1 de julho de de 2022, cargo que ocupa até a atualidade.
Em fevereiro, quando Diogo Lacerda Machado foi selecionado, o líder do grupo parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento explicou que “convém olhar não só para a privatização, mas para a reversão da privatização em 2016 e chamar também os responsáveis por essa reversão”.
João Galamba, o ex-demissionário que agitou as relações entre Costa e Marcelo
Esta quarta-feira, os deputados aprovaram a audição a João Galamba na CPI à gestão da TAP, mas a Iniciativa Liberal pediu uma audição com “máxima urgência” para antecipar a que estava agendada (para o final de junho).
Na semana passada, quatro meses depois de ter assumido a pasta das Infraestruturas, João Galamba apresentou a demissão do Governo, mas o pedido foi recusado por Costa.
“Demito-me apesar de em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público que sempre promovi e defendi na minha atuação enquanto governante, tal como foi, detalhada e publicamente, reconhecido pelo Senhor Primeiro-Ministro”, disse Galamba.
Em causa está o papel de Galamba em reuniões secretas com Christine Ourmières-Widener e entre a ex-CEO da TAP com o grupo parlamentar do PS, antes da audição para explicar a demissão de Alexandra Reis. Além disso, o seu antigo adjunto acusou-o de querer mentir à CPI da TAP.
Frederico Pinheiro, o ex-adjunto de Galamba
Tal como João Galamba, o antigo adjunto do ministro, Frederico Pinheiro, vai marcar presença na CPI da TAP para esclarecimentos.
A 28 de abril, o adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas Frederico Pinheiro foi exonerado, por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades”. Pouco depois de demitido, a CNN Portugal avançou que o Governo ia processar judicialmente Frederico Pinheiro por ter levado dois computadores para casa que pertenciam ao Estado.
O antigo adjunto veio a público defender-se e acusou João Galamba de querer mentir à CPI.
Pedro Nuno Santos, o ex-ministro
O antigo governante Pedro Nuno Santos também ainda terá de comparecer à CPI da TAP. Em dezembro, o então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou a sua demissão, um dia depois da saída da secretária de Estado do Tesouro e após as críticas de toda a oposição ao caso da indemnização paga pela TAP a Alexandra Reis.
“Face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados” em torno da polémica da indemnização da TAP a Alexandra Reis, Pedro Nuno Santos “entendeu, neste contexto, assumir a responsabilidade política e apresentou a sua demissão ao primeiro-ministro”, explicou o gabinete do ex-governante.
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