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TAP é “pedra no sapato” nos delfins do PS. Galamba demite-se ao fim de quatro meses (mas Costa não aceitou saída)

Entrou para substituir Pedro Nuno Santos (que saiu por causa da TAP) e sai ao final de quatro meses enredado numa polémica que indiretamente envolve também a companhia aérea. No entanto, António Costa não aceitou a demissão do ministro das Infraestruturas.
2 Maio 2023, 20h35

João Galamba entrou no início do ano no meio do turbilhão causado pela saída de Pedro Nuno Santos (provocado pela indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, a ex-administradora da TAP que acabou por sair também da secretaria de Estado do Tesouro) e com Marcelo Rebelo de Sousa a colocar um prazo ao Governo enquanto o Executivo apresentava modelos de avaliação a futuros governantes.

A 2 de janeiro, e na sequência da saída de Pedro Nuno Santos do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, António Costa dividiu o Ministério em dois e nomeou dois novos ministros: Marina Gonçalves, então secretária de Estado da Habitação, passou a ministra do novo Ministério da Habitação; João Galamba, que desempenhava funções de secretário de Estado do Ambiente e da Energia assumiu o cargo de ministro das Infraestruturas.

Quatro dias depois, a 6 de janeiro, e com o foco num caso a envolver a ministra da Agricultura (relacionado com uma secretária de Estado que acabaria por sair), Marcelo Rebelo de Sousa negou que estivesse em cima da mesa um cenário de eleições antecipadas mas confirma a manchete do jornal Expresso desta sexta-feira: de que deu até ao final de 2023 ao Governo para que o executivo cumpra determinados objetivos. “Não contem comigo para uma escalada que leve a uma dissolução. É fundamental que o Governo governe bem. Dei mais tempo ao Governo para que se cumpram determinados objetivos”, determinou o chefe de Estado.

A 9 de janeiro, o novo ministro das Infraestruturas começou a resolver alguns dossiers imediatos: o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias decidiram desconvocar uma greve marcada até ao final desse mês após reunião com o governante e aconteceram as primeiras reuniões com os trabalhadores da TAP e da CP através dos sindicatos.

No início de março, e após a demissão daquela que era a CEO da TAP, João Galamba expressou-se pela primeira vez sobre a saída da agora ex-CEO da TAP e sublinhou o desejo de que Christine Ourmières-Widener, deixe de desempenhar o cargo “o mais rápido possível”. Quanto a eventuais bónus, o Governo não irá pagar aquilo que não tiver que pagar, destacou o ministro. “A ideia é que a CEO da TAP deixe de desempenhar funções o mais rápido possível; o processo de demissão dos dois administradores está em curso”, garantiu João Galamba na altura.

Em abril, conheceram-se os primeiros sinais na reunião da então CEO da TAP com o grupo parlamentar do Partido Socialista (PS) antes da audição na Comissão de Finanças a pedido do ministro das Infraestruturas. De acordo com o “Correio da Manhã”, o Ministério das Infraestruturas enviou um e-mail ao gabinete de Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, que faz a coordenação entre as atividades do Parlamento e o grupo parlamentar dos socialistas.

A 28 de abril, e após o ministro ter afastado o seu adjunto, João Galamba, negou “categoricamente” as acusações do adjunto exonerado, Frederico Pinheiro, de ter querido omitir informação à comissão de inquérito à TAP. “O ministro das Infraestruturas nega categoricamente qualquer acusação de que, por qualquer forma, tenha procurado condicionar ou omitir informação prestada à CPI [comissão parlamentar de inquérito] da TAP”, lê-se numa nota enviada pelo ministério às redações. No mesmo comunicado, o gabinete de João Galamba refere ainda que, “pelo contrário”, “toda a documentação solicitada pela CPI foi integralmente facultada”.

Em conferência de imprensa, no passado sábado, o ministro das Infraestruturas considerou ter “todas as condições” para estar no Governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP. João Galamba disse que informou a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, sobre a reunião preparatória pedida pelo PS e que podia participar, se quisesse, tendo recebido confirmação do interesse mais tarde, presença à qual não se opôs.

O governante afirmou ainda que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo de um computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ. O adjunto exonerado acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a “reunião preparatória” com a ex-CEO.

Atualizada às 21h24 com a informação de que António Costa não aceitou a demissão do ministro

 

 

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