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JMJ em Lisboa. Que impacto terá na economia portuguesa?

A JMJ2023, com a presença do Papa Francisco, deverá atrair 1,5 milhões de visitantes a Lisboa. Mas fará ‘mexer a agulha’ da economia?
Youth and pilgrims walk in Lisbon downtown as they arrive to participate in Word Youth Day 2023, Lisbon, Portugal, 26th July 2023.The Pontiff is in Portugal on the occasion of World Youth Day (WYD), one of the main events of the Church that gathers the Pope with youngsters from around the world. ANTONIO COTRIM/LUSA
5 Agosto 2023, 14h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 29 de julho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

Vera Gouveia Barros, economista
Muitos lembrar-se-ão da felicidade de Marcelo Rebelo de Sousa com a decisão papal, em 2019, de fazer a JMJ seguinte em Lisboa. Uma “vitória de Portugal”, considerou. Pensando no impacto na economia portuguesa, a vitória far-se-á muito mais dos efeitos indiretos que propriamente da presença dos 350 mil inscritos ou do estimado milhão de participantes. A Jornada terá o seu palco em Lisboa, que já recebe bastante turismo internacional. Claro que a despesa dos peregrinos vai animar a economia, mas não nos podemos esquecer de subtrair os hóspedes que deixaremos de receber por não quererem coincidir com este acontecimento, que, inclusivamente, trará limites à circulação à cidade.

Mais interessante – mas também mais difícil de medir – pode ser a imagem positiva que eventualmente deixaremos nestes visitantes, fazendo-os querer regressar, desejavelmente para percorrerem outros destinos menos populares do país e com motivações de lazer que os façam consumir mais.

Estes benefícios, somados à qualificação daquela zona junto ao Tejo, têm de ser confrontados com a despesa em que se incorreu, não só em investimento público, mas também nos vários recursos (segurança, transportes, médicos, etc.) que se desviaram, bem como com putativos transtornos causados à população residente.

Marcelo proclamou vitória em 2019, mas os diagnósticos só se fazem no fim do jogo, que é como quem diz “sobre o impacto da JMJ na economia, só daqui a uns tempos poderemos fazer as contas e dizer se foi positivo”.

Maria Paula Fontoura, professora catedrática
A faceta mais visível do impacto económico das Jornadas será o aumento da atividade económica gerado pelas despesas de investimento e de consumo feitas pela organização e por diversas entidades públicas para a preparação do evento e pela presença no país de algumas dezenas de milhar de participantes, no âmbito dos Dias das Dioceses, e de algumas centenas de milhar, possivelmente mais de um milhão, durante a semana do evento, com concentração em Lisboa (e secundariamente em Fátima).

Estas atividades gerarão uma procura final de algumas centenas de milhões de euros (que se repercutirão em consumos adicionais nos meses seguintes) e um aumento do emprego de alguns milhares de postos de trabalho (transitórios, é certo). Ao mesmo tempo, verificar-se-ão efeitos, também transitórios, de travagem da tendência de redução da inflação, já visível em preços contratados, e de deterioração ambiental (comum a toda a atividade turística, mas mais intensa pela concentração de pessoas e transportes).

A médio prazo esperam-se benefícios a vários níveis da aceleração dos projetos de regeneração urbana no Parque Tejo-Trancão e na frente ribeirinha de Loures, bem como de outras pequenas intervenções em recintos do evento. A longo prazo, o principal legado que se pode esperar será a valorização da imagem e reputação do país.

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