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Geopolítica, abrandamento da economia e juros do BCE são ameaças à estabilidade financeira

O Banco de Portugal considera que houve uma redução das vulnerabilidades no último semestre em resultado da melhoria das condições económicas. Ainda assim, aponta vários riscos para a estabilidade financeira.
Cristina Bernardo
28 Maio 2024, 12h02

Apesar de observar uma redução das vulnerabilidades nos últimos seis meses, o Banco de Portugal aponta vários riscos para a estabilidade financeira, nomeadamente o contexto geopolítico, as eleições em vários países, uma possível deterioração das condições macroeconómicas a nível global, bem como o prolongamento da restritividade das condições monetárias são riscos para a estabilidade financeira,

“Os riscos para a estabilidade financeira decorrem, em larga medida, das consequências que as tensões geopolíticas e o prolongamento da restritividade das condições monetárias possam ter na atividade económica”, indica o Banco de Portugal no relatório de estabilidade financeira de maio de 2024, notando que, “no último semestre, observou-se uma redução das vulnerabilidades, em resultado da melhoria das condições económicas”.

Neste sentido, prevê-se que a “inflação prossiga a trajetória de redução e o crescimento económico em Portugal se mantenha positivo e superior ao da área do euro”.

Contudo, refere o regulador, o “contexto geopolítico de conflitualidade e o novo ciclo político em países relevantes poderão impactar a atividade económica, tal como a persistência de condições monetárias restritivas ou com efeitos mais prolongados do que antecipado”, destacando ainda, no plano nacional, os “riscos associados a um cenário de maior incerteza na condução da política económica, no quadro de um novo modelo de regras orçamentais europeias, que colocarão novos desafios à condução da política orçamental”.

O Banco de Portugal refere ainda que “uma eventual deterioração das condições macroeconómicas globais que potencie correções abruptas nos preços dos ativos financeiros pode exacerbar os riscos para a estabilidade financeira”, uma vez que “propicia a desvalorização de ativos e o agravamento do serviço da dívida dos sectores residentes, embora, nos últimos anos, existam mitigantes, como a redução do endividamento”.

Sobre os riscos associados à situação financeira das administrações públicas, o regulador liderado por Mário Centeno afirma que estes “têm diminuído com a trajetória de descida do rácio da dívida pública, refletindo-se na melhoria do rating da República”. Ainda assim, a “dívida ainda elevada expõe os diversos sectores à persistência de taxas de juro altas e à volatilidade nos mercados financeiros internacionais”.

Quanto às empresas, o relatório destaca que continuaram a melhorar a autonomia financeira e a reduzir o endividamento, com a sua rendibilidade a resistir ao aumento do serviço da dívida. De acordo com o Banco de Portugal, não se registou no último ano uma subida significativa das insolvência e a qualidade do crédito concedido “não tem apresentado deterioração”.

Também as famílias “registaram uma redução no rácio de endividamento, seguindo a tendência observada desde 2010”, indica, frisando que, “num quadro de subida das taxas de juro, a contenção do incumprimento dos particulares beneficiou ainda da robustez do mercado de trabalho e do aumento do rendimento disponível real”.

Sobre o mercado imobiliário, o Banco de Portugal afirma que “um cenário de prolongamento da restritividade de política monetária e de agravamento das condições económicas poderá também originar uma redução dos preços n mercado imobiliário, por via do seu impacto sobre a procura”. Ainda assim, os “efeitos sobre o sistema bancário nacional deverão ser contidos”.

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