O potencial de afirmação da economia angolana no panorama regional requer ainda bastante investimento, de forma a ultrapassar as ainda frequentes dificuldades do país e aproveitar as suas vantagens comparativas em relação ao resto dos países da África Austral. Em particular, a riqueza de recursos do país, a sua população jovem e a estabilidade e segurança são fatores a potenciar de forma a fortalecer a coesão social e territorial do país, o seu capital humano e crescimento económico.
Miguel Farinha, Managing Partner da EY em Portugal, Angola e Moçambique, aproveitou a conferência ‘Doing Business Angola 2024’, organizada em conjunto pelo JE e Forbes África Lusófona, para enaltecer os aspetos mais positivos da economia angolana e as suas vantagens comparativas em relação aos restantes países da região e membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
“Angola já é um país muito relevante na SADC”, tendo o segundo maior PIB do bloco, representando 13% do total (quando em 2000 era apenas 4%) e com a população mais jovem, destacou. Em particular, a estabilidade governativa, a segurança, o tamanho do mercado e a sua riqueza natural são fatores de diferenciação e que permitem um otimismo em relação às próximas décadas do gigante austral, argumenta Miguel Farinha.
Acrescem projetos de carácter transformador da região como o Corredor do Lobito, que permitirá exportar para toda a comunidade, isto quando apenas 2,3% das exportações angolanas são para países vizinhos.
“Angola tem o potencial para ser a locomotiva da região”, argumentou, pedindo um esforço para mudar o atual “paradigma e perceber o potencial gigante de Angola se afirmar em África”. Em comparação com os restantes países da SADC, Angola goza de uma visão estratégia de longo prazo, incentivos financeiros mais fortes para a atração de investimento, um mercado de trabalho robusto, menores custos para começar negócios e segurança, destacou.
Há, ainda assim, “muito mais para ser feito”: as ligações rodoviárias e ferroviárias são ainda insuficientes e com pouca qualidade, o sistema financeiro continua a ser um entrave para as pequenas e médias empresas e o capital humano necessita de investimento para potenciar a juventude da força de trabalho, isto num país onde 75% da população tem menos de 25 anos.
Ao mesmo tempo, o investimento necessário terá de contar com a contribuição dos privados, continuou. Apontando às necessidades de investimento de 948 mil milhões de dólares até 2050, o que perfaz entre 33 e 34 mil milhões por ano, Miguel Farinha recorda que o máximo de investimento foram 32 mil milhões de dólares em 2014, pelo que o esforço será considerável.
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