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“Não são de confiança”: Juntos pelo Povo recusa reunião com o Governo da Madeira

“Não queremos fazer parte de um encontro onde os intervenientes não têm credibilidade no uso da palavra, não são de confiança e praticam a mentira, com a ajuda dos meios de propaganda subsidiados pela região”, afirmou o secretário-geral do partido citado num comunicado.
Créditos: Élvio Fernandes
23 Junho 2024, 15h19

O Juntos Pelo Povo (JPP) não vai participar na reunião de segunda-feira com o executivo madeirense, liderado pelo PSD, para consensualizar medidas para o Programa do Governo, indicou hoje o secretário-geral do partido, Élvio Sousa.

“Não queremos fazer parte de um encontro onde os intervenientes não têm credibilidade no uso da palavra, não são de confiança e praticam a mentira, com a ajuda dos meios de propaganda subsidiados pela região”, afirmou Élvio Sousa, citado num comunicado.

De acordo com a nota, o dirigente do JPP adiantou, à margem de uma iniciativa à saída das eucaristias, no Funchal, que os militantes e os órgãos do partido decidiram, em encontros realizados no sábado, que não iriam participar em “reuniões secretas feitas nas costas do povo”.

Na quarta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou a retirada do Programa do Governo da discussão que decorria no parlamento madeirense, com votação prevista para o dia seguinte, quinta-feira.

O documento seria chumbado, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados dos 47 que compõe o hemiciclo, anunciaram o voto contra.

Na quinta-feira, o executivo madeirense indicou, em comunicado, que convidou todos os partidos com assento parlamentar para uma reunião, na segunda-feira, para consensualizar propostas para o Programa do executivo.

O encontro é promovido pela Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia, que tem a tutela dos assuntos parlamentares no arquipélago.

“Os militantes foram perentórios, e lançaram dúvidas sobre se depois de tanta mentira, das trapalhadas e das negociatas alguém acredita na palavra de Albuquerque, alguém aceitaria ser fiador deste PSD e de Albuquerque”, realça o JPP, na nota hoje divulgada.

Élvio Sousa afirma que Miguel Albuquerque retirou o Programa do Governo um dia antes de ser votado no parlamento, “e quando já ia com dois dias de trabalhos parlamentares, apenas para “gizar mais uma manobra de diversão, iludir os madeirenses e porto-santenses, continuar a sacudir a responsabilidade pela crise e atirar as culpas para os outros partidos.”.

“Nada mudou nem vai mudar, o JPP não é um partido cata-vento”, reforça o dirigente do JPP.

“Temos um compromisso de coerência e de seriedade para com a população que nos delega confiança através do voto e também para com os nossos militantes. Não tomamos decisões de forma leviana, como fazem alguns partidos, nós ouvimos os militantes e respeitamos a sua voz”, salienta ainda.

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.

Também após o sufrágio, o PS e o JPP (com um total de 20 mandatos) anunciaram um acordo para tentar retirar o PSD do poder, mas o representante da República, Ireneu Barreto, entendeu que não teria viabilidade e indigitou Miguel Albuquerque.

As eleições de maio realizaram-se oito meses após as legislativas madeirenses de 24 de setembro de 2023, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

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