A delegação de eurodeputados, deputados e senadores do PP espanhol que foram impedidos de entrar na Venezuela criticou hoje o Governo do socialista Pedro Sánchez e a postura do ex-primeiro-ministro socialista Zapatero face ao governo venezuelano.
Os nove parlamentares do PP aterraram em Madrid depois das 08:00, no horário local (07:00 em Lisboa).
“Observámos uma ditadura que apodrece e cai”, afirmou em declarações aos jornalistas o eurodeputado Esteban González Pons, responsável pelos assuntos internacionais do PP.
O líder do PP explicou que viajavam três grupos diferentes– uma do Parlamento Europeu, outra do Congresso e outra do Senado – em resposta a “convites formais” da oposição venezuelana para “acompanhá-los” nas eleições presidenciais de domingo.
Não iam como “observadores internacionais”, o que, segundo a legislação venezuelana, exige o reconhecimento como autoridade eleitoral, sublinhou González Pons, indicando que informou da viagem tanto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros como ao embaixador espanhol em Caracas e aos embaixadores da Venezuela em Bruxelas e Madrid.
No aeroporto de Caracas foram atendidos pelo cônsul-geral de Espanha, mas não pelo embaixador, que “errou em não vir proteger nove dos seus compatriotas numa decisão difícil e submetida à arbitrariedade de um poder ditatorial”, segundo o membro do PP.
“[O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel] Albares deveria ter retificado a situação imediatamente e, em vez de endossar os argumentos de Maduro, apoiar os seus compatriotas”, disse González Pons, avançando que no Parlamento Europeu exigirão reciprocidade de tratamento para os líderes venezuelanos.
Segundo fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol, na noite de sexta-feira, a Venezuela não autorizou a visita de uma delegação do Senado como missão de observação e apenas o PP decidiu fazer a viagem.
González Pons descreveu ainda como “indecente e inaceitável” a atitude do [ex-primeiro-ministro espanhol José Luis] Rodríguez Zapatero, cuja presença como observador internacional na Venezuela contestaram, sem êxito.
“Zapatero um dia terá de explicar, ou então o novo Governo venezuelano investigará, quais as suas ligações a essa mesma ditadura criminosa. E aviso-vos, se este fim de semana o Governo Maduro fizer algo que leve ao que ninguém quer, Zapatero será um correspondente direto”, disse González Pons.
“Observámos um regime que está a terminar e tememos que amanhã [domingo] seja capaz das maiores atrocidades para tentar impedir a vitória imparável da oposição democrática”, alertou.
Segundo explicou, para a sua expulsão alegaram que os eurodeputados tinham votado a favor de sanções contra os líderes ‘chavistas’.
González Pons, convicto de que no domingo a vitória da oposição será “incontestável, indiscutível e histórica”.
Na mesma linha, o porta-voz do Partido Popular no Congresso, Miguel Tellado, mostrou a carta-convite que receberam dos líderes da oposição Edmundo González e María Corina Machado para os acompanharem nesse fim de semana em Caracas.
Na sua opinião, a transparência das eleições “não está garantida” e é “extremamente grave” que Zapatero “esteja disposto a dar a aparência de democracia a algo que não a tem”.
Tellado insistiu que o Governo venezuelano sabia que não viajavam como observadores e classificou as suas ações como lamentáveis.
“Como é lamentável ver o Governo de Pedro Sánchez partilhar o discurso do chavismo. É lamentável que a esquerda do nosso país prefira uma ditadura de esquerda a um governo democrático de direita”, sublinhou Tellado.
A partir do aeroporto de Madrid, onde foram recebidos por venezuelanos que aguardavam a chegada do voo, os membros do PP manifestaram o seu apoio à oposição daquele país para acabar com 25 anos de “um regime autoritário e autocrático que se tornou uma verdadeira tirania” e exigiram respeito pelos resultados das urnas.
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