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Hedge funds aproveitam vaga de oposição à regras europeias de ESG para aliviar requisitos

A diretiva CSRD, que foi criada para ser aplicado a todos os sectores, é atualmente objecto de intenso debate, uma vez que a Alemanha e a França procuram limitar o seu âmbito. A comissária dos serviços financeiros da UE, Maria Luís Albuquerque, disse que há margem para ajustes à luz das críticas, refere a Bloomberg.
6 Fevereiro 2025, 12h24

Os hedge funds são grandes críticos do “enorme fardo” do ESG numa nova era de resistência a estas regras. Segundo a Bloomberg, os hedge funds estão a aproveitar a crescente onda de oposição às regras europeias de ESG (Environmental, Social and Governance) como uma oportunidade para procurar isenções de alguns requisitos de relatórios ambientais, sociais e de governação.

A questão é saber se os gestores de investimentos alternativos devem ter de divulgar dados ESG sobre os ativos em que investem em nome dos seus clientes, de acordo com a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia (CSRD).

A diretiva CSRD, que foi criada para ser aplicado a todos os sectores, é atualmente objeto de intenso debate, uma vez que a Alemanha e a França procuram limitar o seu âmbito. A comissária dos serviços financeiros da UE, Maria Luís Albuquerque, disse que há margem para ajustes à luz das críticas, refere a Bloomberg.

É neste contexto que a Alternative Investment Management Association, cujo conselho inclui a Bridgewater Associates e a Millennium Management, diz agora que os seus membros devem ser isentos de reportar os ativos dos clientes.

“Está a criar um fardo enorme para as empresas que não têm realmente o tipo de pegada ambiental ou social que uma empresa de fabrico pode ter”, disse à Bloomberg Adam Jacobs-Dean, responsável global de mercados da AIMA, cujos membros supervisionam cerca de 4 biliões de dólares em ativos combinados. “E alguns deles nem sequer terão investidores ou clientes europeus”, disse. “Então, para quem é o reporte?”.

A reação do setor dos hedge funds é a mais recente de uma série de queixas de líderes empresariais e legisladores que dizem que a regulamentação ESG na Europa foi longe demais. Apontam para a economia estagnada do bloco europeu e alertam que a competitividade vai cair ainda mais à medida que o presidente Donald Trump força um programa de desregulação do outro lado do Atlântico.

Jacobs-Dean disse que os fundos de cobertura (hedge funds) e os gestores de private equity que operam na UE já fornecem os dados necessários porque cumprem o conjunto de regras ESG do bloco para o setor financeiro, o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis.

Estes esforços para resistir às regulamentações ESG tiveram sucesso no passado. Após forte pressão por parte dos bancos, gestores de ativos e seguradoras, a UE concordou no ano passado em excluir estes setores do âmbito total da Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa (CSDDD), que expõe as empresas ao risco de litígio caso sejam encontradas violações ESG nas suas cadeias de abastecimento.

A AIMA defende que concessões semelhantes devem agora ser aplicadas ao CSRD, disse Jacobs-Dean. Isso representaria uma “vitória rápida”, disse.

A CSRD exige que as empresas divulguem os dados ESG a partir dos relatórios anuais de 2024.

A UE deverá propor alterações à CSRD e a várias outras peças legislativas no final deste mês, no âmbito do chamado processo omnibus. As autoridades reconheceram que a estrutura ESG da UE precisa de ser ajustada e alertam contra a expectativa de desregulação total.

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