O chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, defendeu hoje que a União Europeia (UE) será “muitíssimo relevante” no pós-guerra na Ucrânia e terá “um papel ativo” nas negociações de paz, após o “pontapé de saída” da administração norte-americana.
“Se olharmos para aquilo que são os cenários de saída deste conflito, a União Europeia tem sempre um papel muitíssimo relevante, para não dizer decisivo neles, designadamente naquilo que será o pós-guerra”, a nível da construção da paz e da reconstrução do país, “e isso implica que a União Europeia venha a ter também um lugar e um papel ativo no quadro negocial que se venha a desenvolver”, afirmou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, em entrevista por telefone à agência Lusa, à margem da Conferência de Segurança de Munique, que arrancou hoje nesta cidade no sul da Alemanha.
A solução futura, salientou, passa por um “envolvimento enorme” da UE na Ucrânia, a nível militar – para dar “garantias de segurança”, eventualmente com a presença de forças de países europeus naquele país -, financeiro – para a reconstrução -, e também na integração europeia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacaram hoje, à margem da Conferência de Munique, a “vontade de intensificar os trabalhos para acelerar” a adesão da Ucrânia ao bloco europeu.
“Evidentemente que isso significa que a União Europeia será um parceiro neste contexto”, destacou o ministro português.
“Os Estados Unidos têm sinalizado sistematicamente que desejam justamente que a União Europeia, ou países europeus, possam fazer parte das garantias de segurança, que a União Europeia possa financiar a reconstrução e que a União Europeia possa integrar a Ucrânia”, acrescentou Paulo Rangel.
Segundo o governante português, os Estados Unidos são “um parceiro fundamental, até na persuasão e dissuasão, seja da Federação Russa, seja da Ucrânia, no fundo, ao convidá-las de uma forma muito persuasiva a poderem passar por um processo de cessar-fogo e para um processo negocial”.
Rangel rejeitou assim a ideia de que a UE e até a própria Ucrânia estejam afastadas do processo negocial. “Há aqui, talvez, uma análise demasiado simplista, quando se acha que isto é algo que será feito apenas a partir dos Estados Unidos”, comentou.
Segundo o ministro, “a proposta dos Estados Unidos até agora, basicamente, é apenas um pontapé de saída”, tendo em conta que já estão a decorrer “conversas iniciais” entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, com os homólogos ucraniano, Volodymyr Zelensky e russo, Vladimir Putin.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com